quinta-feira, 29 de abril de 2010

Deus?

Eu acredito em Deus. Acredito em sua existência. Tenho um relacionamento peculiar com Ele, recheado de dúvidas e crises. Mas eu não posso negar a sua existência em virtude de algumas experiências personalíssimas e sobrenaturais que eu já tive em minha vida. Ele simplesmente existe em minha vida. Ainda que o resto do mundo concluísse pela sua inexistência, para mim ele continuaria existindo. Só eu vivi o que eu vivi, só eu senti o que eu senti. Simples assim. Às vezes eu fico surpreso quando tenho algum contato com alguém que se diz ateu. Isso é até comum lá no curso de filosofia. Mas o que me deixa mais intrigado é a necessidade dessas pessoas de enfatizarem constantemente o fato de serem ateus. Como se isso não estivesse bem resolvido e tranquilo em suas vidas. Como se precisassem convencer a si mesmos o tempo todo. Falam, discutem, escrevem sobre o tema. Eu não acredito em saci, não acredito em sereia, nem em mula-sem-cabeça etc. Mas nem por isso eu vou passar a minha vida discutindo, reafirmando ou escrevendo sobre isso. Saci não existe e ponto final. Isso é tranquilo pra mim. Por outro lado, eu acredito na existência de cabeça de bacalhau, embora nunca tenha visto uma. Acho pouco provável que exista um bacalhau sem cabeça vagando pelo fundo do oceano. Ninguém vai admitir, mas a busca obcecada para se provar a inexistência divina traz em si um desejo camuflado de se confirmar o contrário. Sabe aquela história: "eu não acredito, mas vai que..." Ou seja, o cara se diz ateu mas, no fundo, tá carregado de dúvidas. Mas não vai admitir.

sábado, 24 de abril de 2010

Hoje

Hoje o sol está com um brilho diferente, você percebeu? Algumas nuvens querem escondê-lo, mas ele insiste em brilhar. Eu quero esse sol queimando o meu rosto, acompanhado de uma brisa leve e serena. Hoje eu quero pouco. Mas esse pouco hoje pra mim é tudo. E, quando a noite chegar e o sol se for, seu calor ainda estará vivo em mim. Então eu verei as estrelas, mesmo que elas teimem em se esconder atrás das nuvens. Eu quero sentir com a mesma força do brilho das estrelas. Brilho que se mantêm vivo mesmo quando as estrelas não estiverem mais ali.

terça-feira, 20 de abril de 2010

A gente precisa acreditar mais

Todo mundo anda tão desconfiado, tão desanimado com as amizades e os relacionamentos. Parece que as notícias e as experiências ruins, que são minoria, acabam se sobressaindo sobre os acontecimentos positivos. Há uns 10 anos atrás, eu tive uma experiência bem interessante com o meu "chefe" no trabalho. Eu tinha sido transferido de cidade há apenas uma semana, e coincidiu de naqueles dias eu ter que passar pela avaliação anual, realizada pelo meu superior, já que eu ainda estava nos 3 anos do estágio probatório. Essa avaliação é feita pela chefia imediata, que depois a repassa ao servidor para que ele tome ciência da nota obtida. A minha surpresa foi imensa quando eu recebi aquela avaliação e percebi que tinha recebido nota máxima nos mais de 20 ítens. Não resisti e fui "tirar satisfação" com o chefe sobre o porque de ter sido tão bem avaliado, se ele mal me conhecia. Talvez até tivesse sido mais sensato que, excepcionalmente, a minha chefia anterior tivesse feito a avaliação. Aí veio a lição. Esse cara era uma pessoa estranha, meio irritada, com algumas manias, um cara fechado e de poucos amigos, mas depois eu descobri que tinha um coração gigante. Ele me disse que sempre partia do princípio de que todo mundo é bom. A grande maioria das pessoas é "gente boa", como ele dizia. Até o dia em que pisarem na bola comigo e começarem a perder pontos. Mas, até então, eu parto do princípio de que essa pessoa é nota 10. Ele dizia que optava por confiar nas pessoas. Hoje eu acho que, mesmo diante dos riscos, ainda vale a pena acreditar nas pessoas. Essa deve ser a nossa opção. Vamos acreditar que ainda existe muita "gente boa" nesse mundo. E aí sim, se eventualmente alguém "pisar na bola", a gente pensa no que fazer. Viver carregado de deconfiança faz mal à saúde. E a gente ainda corre o risco de perder grandes oportunidades na vida.

sábado, 17 de abril de 2010

Eu tenho cara de pobre

Eu tenho cara de pobre. É sério. Não que eu seja rico, eu não sou rico. Levo uma vida tranquila e comedida. Mas eu tenho a pobreza estampada na minha cara. Ou no meu jeito de me vestir e me comportar. É fato que a minha familia é de origem bem simples, e isso não é problema. Mas a forma como me tratam no comércio...
Eu vou tentar explicar. Toda vez que eu passo por uma vitrine, vejo uma roupa legal e cara (sempre a roupa ou sapato que me chamam a atenção são os mais caros da loja, é incrível!) e entro pra perguntar se tem o meu número, a mocinha engomada logo me retruca: "mas tem também aquele modelo ali óóó, que está na promoção, por R$49,00". Será que é tão difícil de entender que eu gostei daquela peça que eu vi na vitrine e não importa se é a mais cara?!? Depois, já no caixa, eu entrego o meu cartão de crédito, aviso que quero à vista, em parcela única. A mocinha não resiste: "mas moço, você pode parcelar a compra em até 84 meses". Moça, eu já disse que quero pagar de uma vez só. Não gosto de compra parcelada. Ou eu tenho dinheiro e compro, ou não tenho dinheiro e não compro. E só uso o cartão de crédito pra não ter que carregar dinheiro no bolso e poder acumular milhas na companhia aérea.
O pior de tudo é quando eu vou a uma concessionária de veículos. Às vezes eu e o meu pai entramos numa concessionária só pra dar uma olhadinha, por curiosidade mesmo. Os caras simplesmente nos ignoram. Absolutamente ninguém vem nos atender. Eu fico imaginando: será que está escrito na minha testa que eu estou ali só por curiosidade? Será que os caram leem o meu pensamento? Mas e se eu estivesse ali pra comprar um carro? Acho que eu teria que gritar ou implorar pra ser atendido.
A única explicação que eu encontro pra ser atendido dessa maneira, além da minha cara de pobre, é o fato de eu andar vestido de forma beeeeem casual quando não estou trabalhando. Basicamente jeans, camiseta e tênis. É assim que eu me sinto à vontade.
De qualquer forma, eu sempre tento encontrar um lado bom em todas as coisas. E eu descobri que ter cara de pobre também tem as suas vantagens. Ninguém te inveja ou fica com olho gordo em você; raramente alguém vem te pedir dinheiro emprestado. Às vezes, até me perguntam se está tudo bem com a minha vida financeira.
Eu já ia encerrar esse papo, mas me lembrei de uma história engraçada. Eu nunca liguei muito pra carros. Prefiro economizar dinheiro pra uma viagem, do que pra trocar de carro. Hoje eu tenho um carro bom e semi-novo, mas é muito mais por necessidade e comodidade no trabalho, do que pelo carro em si. Há alguns anos atrás eu tinha um Fiat Uno, branco e simples (carro barato, não exige muita manutenção), e eu estava conversando com um tio. Ele começou com uma conversinha estranha, meio sem jeito, engasgando com as palavras, e me perguntou porque eu andava de Uno. Achei engraçada a preocupação dele. Me perguntou se eu não tinha dinheiro pra comprar um carro melhor, se o meu pai não poderia me ajudar, se eu estava com dificuldades, precisando de ajuda. Caramba!!! Só porque eu andava de Uno??? O Uno me satisfazia, não me dava dor de cabeça e nem muita despesa. Era ideal pras minhas necessidades. E até aquele momento eu não tinha experimentado nem sido seduzido pela direção hidráulica e o ar condicionado.
As pessoas se preocupam com a aparência. E nos tratam de acordo com a nossa aparência. Confesso que isso não me incomoda tanto. Mas uma coisa é fato: a minha cara de pobre continua aqui, não tenho como negar.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O homem e suas tragédias

Você sabia que o recente terremoto do Chile foi aprox. 25% mais forte do que o terremoto do Haiti? Mas o número de vítimas no Chile foi aprox. 500 vezes menor? Parece contraditório, né?!? O grande número de vítimas no Haiti se deu principalmente em virtude da baixíssima qualidade das construções existentes no país. Ou seja, se houvesse fiscalização e controle de qualidade das edificações por parte das autoridades do Haiti, a tragédia teria sido bem menor. Já no Chile, um dos países mais desenvolvidos da América Latina, a situação foi bem diferente. Muitas casas racharam e até foram condenadas, mas não chegaram a cair esmagando as pessoas. Assim, a diferença entre as duas tragédias foi por conta da qualidade das obras, fiscalização e controle das edificações, das políticas públicas voltadas à habitação etc. Mas onde eu quero chegar falando tudo isso? Eu quero fazer um gancho com a tragédia ocorrida no Rio de Janeiro com as chuvas. Foram "apenas" chuvas. Não foi terremoto, nem tsunami, nem tufão, nem tornado. Quando se constrói uma edificação qualquer, uma das primeiras coisas a se fazer é a "correção" do terreno, através da terraplanagem, aterro, muro de arrimo e por aí vai. Tudo com a fiscalização do poder público; nesse caso, secretaria municipal de obras, CREA. E essa fiscalização e controle vai culminar com a concessão do "habite-se" no final da obra. Agora vejamos a situação do RJ. Como se fazer a "correção" de um terreno que fica numa encosta de morro, em área proibida e de preservação ambiental? Área que, se a vegetação for retirada, ficará suscetível a deslizamentos. Nem há muito o que comentar. Simplesmente impossível. E quem deveria zelar por tudo isso era o poder público, que foi omisso durante décadas. Desculpe a frieza, mas o poder público e a população do RJ "plantaram" durante muitos anos. Agora "colheram". Infelizmente. Simples assim.

domingo, 11 de abril de 2010

Esse mundo é pequeno

Três coisas que eu tenho observado com atenção desde o início da minha adolescência, e que mexem bastante comigo, podem ser resumidas através de três frases: esse mundo é pequeno; esse mundo dá voltas (gira); esse mundo gira mais depressa do que a gente espera ou imagina. Sim, eu sei que esses ditados são antigos. Mas são muito reais e atuais.
É engraçado como as coisas acontecem. Eu vivo numa cidade de aprox. 500 mil habitantes. Ou seja, nem tão grande, mas também não tão pequena. E é incrível como a gente "tromba" com conhecidos pelas ruas da cidade. No meu caso, acho que eu nem conheço tanta gente assim pra justificar esse tipo de acontecimento. Mas, geralmente, quando vou ao shopping ou a qualquer restaurante, sempre há alguém pra cumprimentar. Dá até a sensação de que sempre há alguém de olho em você.
Às vezes nos sentimos injustiçados. Mas, logo em seguida, vem um acontecimento que coloca as coisas no lugar. Alguns filósofos diriam simplesmente que é o cosmos ou o universo, em sua perfeição, acomodando as coisas e dando a cada indivíduo aquilo que merece. Os cristãos diriam que é Deus exercendo a Sua soberania sobre a terra. Mas, independentemente da crença, o que mais surpreende é a velocidade com que as coisas acontecem.
Num dia o cidadão está rico; na semana seguinte perdeu tudo, está falido. De repente recém-casados e felizes; dali a um mês, frustrados e em processo de separação. Hoje, um político de sucesso; amanhã, humilhado e envolvido num escândalo. O mundo sobe e desce. Esquenta e esfria. No fim das contas, esse papo me lembrou de outra máxima: nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. E muito depressa.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Lago Igapó 2: ciclistas X pedestres

Ficaram bem legais as mudanças implementadas na região dos Lagos Igapó 2 e 3, em especial a separação de um espaço maior para a prática de atividades físicas com a interdição de parte das ruas que circulam o lago. Uma iniciativa simples, barata, mas muito útil e saudável pra população londrinense. Todavia, vale a pena fazer algumas considerações, mais especificamente em relação ao Lago 2. Em primeiro lugar, a calçada é estreita, está esburacada e irregular. O piso até poderia ser consertado, mas a calçada continuaria estreita, ainda mais se considerarmos o número de pessoas que caminha ou corre naquele local e que aumenta a cada dia, seguindo uma tendência mundial de se aprimorar os cuidados com a saúde. Em segundo lugar, ainda que seja super interessante e saudável andar de bicicleta e seja importante a criação de ciclovias, o fato é que o número de pedestres e corredores é infinitamente maior do que o número de ciclistas se utilizando da pista ao redor do lago. Sei lá, poderíamos arriscar dizer que a proporção é de 50/1. E, diante do tumulto que tem se formado em trechos da pista de caminhada/corrida nos horários de maior utilização, as pessoas acabam passando para a ciclovia. Já até ocorreram alguns pequenos atropelamentos na ciclovia. Pois bem, eu critico mas trago uma sugestão. Vamos reconhecer que vai ser inviável o uso seguro da ciclovia no trecho ao redor do Lago 2. Porque, então, a prefeitura simplesmente não estende a calçada sobre o espaço da ciclovia??? A calçada ficaria com praticamente o dobro do tamanho atual. E os ciclistas poderiam continuar utilizando o espaço mais novo, que acaba de ser reservado, ao redor do Lago 3. Essa solução traria mais conforto e segurança para as pessoas que frequentam o Lago 2. E o Lago 3, que não possui calçada, ficaria destinado aos ciclistas. Cada um na sua.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Alternativas para o trânsito de Londrina

O trânsito em Londrina está cada mais complicado, especialmente em alguns horários de pico, como entre 11h30min e 14h00 e entre 17h30min e 19h30min. Nesse primeiro horário, alguns trechos do centro da cidade ficam caóticos. As ruas do centro de Londrina são as mesmas de mais de 20 anos atrás, mas a frota de veículos quintuplicou no mesmo período. E não há muito o que se fazer na ruas propriamente ditas. Não há espaço para alargamento ou duplicação. Assim, o poder público e a sociedade terão que buscar outras alternativas para resolver esse problema. Algumas medidas podem ser tomadas para amenizar a situação. Basta vontade política. Mas, dessa vez, parte da sociedade vai ter que colaborar de forma mais intensa. Eis minha sugestão: Em grandes cidades de países ditos de primeiro mundo, há leis ou regulamentos que autorizam qualquer tipo de carga e descarga ou trânsito de veículos utilitários apenas entre as 22h00 e as 6h00. Fora desse período, é expressamente proibido o trânsito de qualquer tipo de utilitário ou a realização de carga e descarga nos estabelecimentos comerciais. E o cumprimento da lei é fiscalizado de forma eficiente. Para Londrina, a única exceção seria para caminhões de mudança. Essa medida não resolveria todos os problemas, mas amenizaria bastante e seria um grande começo. Não adianta dizer que Londrina já possui espaços para a realização de carga e descarga. São insuficientes e raramente respeitados pelo caminhões de carga. E não há fiscalização eficiente ou suficiente. Na hora do aperto, o caminhão para onde quer, faz o que tem que fazer e vai embora. E, toda vez que um caminhão para num lugar proibido ou inadequado, o transtorno começa. Ali se inicia mais um engarrafamento. Um dos melhores exemplos na cidade desse caos pode ser observado diariamente na Rua Goiás, após a esquina com a Pernambuco, na entrada de serviço do supermercado ali existente. A mesma situação ocorre nas esquinas das Ruas Santos com Pio XII. E isso acontece ali umas 30 vezes no dia. E, mesmo quando os caminhões conseguem entrar no pátio do mercado para descarregar, aqueles poucos minutos de manobra que param o trânsito na Goiás já são suficientes para engarrafar o trânsito da Goiás, que reflete na João Candido, na Pará e na Pernambuco e, assim, sucessivamente. Obviamente que, se o poder público tomasse uma medida como essa, algumas associações e sindicatos cairiam de pau na proposta, alegando aumento nos custos. Mas é nessas ciscunstâncias que a sociedade tem que dar a sua parcela de contribuição. As empresas londrinenses teriam sim que criar mais um turno de trabalho, na madrugada, com um grupo de funcionários encarregados apenas de receber as mercadorias. Inclusive, muitos novos empregos seriam gerados. Muitos empresários fazem riqueza na cidade e só exigem, só esperam do poder público. Mas, no dia-a-dia, atrapalham o trânsito e não querem colocar a mão no bolso para melhorar a situação. E o poder público é omisso e conivente. Contribuição social não é apenas o empresário distribuir um punhado de cestas básicas ou enviar um pouco de comida a alguma instituição de caridade da cidade. Isso é demagogia. Contribuir socialmente é muito mais do que isso; é se adequar às necessidades da sociedade ou da comunidade onde a empresa está estabelecida. E as formas de se contribuir são infinitas. Não se contribui apenas com esmola.

sábado, 3 de abril de 2010

Escrever para (sobre)viver

Enquanto eu escrevo, eu respiro, suspiro, sobrevivo. Eu viajo, salto, mergulho e me afogo nos meus pensamentos. Depois ressuscito, mais forte e sereno, mas só até soltar o próximo grito.

Cuba: a farsa e a miséria

Há algum tempo eu queria escrever sobre Cuba. E há algum tempo eu queria conhecer Cuba, sonho que eu consegui realizar em 2009. Quando comecei a organizar a viagem, eu fiz questão de escolher formas de estar em contato com o povo cubano. Por isso, me hospedei por 5 dias em uma casa de familia, em pleno bairro histórico Habana Vieja. Essas casas de familia tem autorização para hospedar estrangeiros, mediante o pagamento de uma taxa mensal ao governo. Há regras: estrangeiros não podem receber visitas de cubanos nessas casas (pra se evitar a prostituição), e cada quarto disponível pode hospedar apenas 1 ou 2 pessoas. Essas casas tem autorização para oferecer hospedagem e o café da manhã, mas não podem oferecer as refeições (embora todas a façam ilegalmente). Eu não podia imaginar que um país pudesse ser tão corrupto como Cuba. É o lugar onde tudo é proibido, mas tudo é possível se vc "pagar". Em Cuba não há quase nada, a população se alimenta apenas de pão, arroz, frango, batata, abóbora e uns poucos legumes. Mas se a pessoa "pagar", ela tem acesso a absolutamente tudo. Desde lagosta (cuja pesca é proibida) até mulheres. Tudo entregue na porta do hotel ou da casa alugada. Há 2 moedas: o peso cubano e o CUC - peso conversível, dinheiro usado pelos estrangeiros. Os cubanos recebem em média 500 pesos cubanos de salário mensal (que equivalem a uns US$20,00). Cada CUC vale aprox. 1 Euro. Há sempre 2 tipos de comércio: um pros cubanos, que utilizam o peso cubano como moeda; e aqueles destinados aos estrangeiros, que utilizam o CUC como moeda. No comércio destinado aos cubanos, subsidiado, só os cubanos podem adquirir alimentos, tudo controlado e limitado (através de caderninhos). Os preços são simbólicos, centavos, de modo que, ao final do mês, ainda sobra parte daquele salário de US$20,00. Pra se ter uma idéia, nas padarias dos cubanos havia apenas um tipo de pão disponível, e não havia qualquer tipo de doce à venda. Nas padarias destinadas aos estrangeiros, uns 3 tipos de pães bem simples, e uns 3 ou 4 tipos de doces, também simples. Nos restaurantes que atendem os estrangeiros uma refeição sai em média 20 CUCs (que equivalem a 20 Euros, ou ao salário mensal de um médico cubano - US$25,00). E a comida era simples, limitada. Uma das coisas que eu mais estranhei era a quantidade relativamente pequena de carros nas ruas. Havia carros novos, além daqueles antigos que estamos acostumados a ver nos filmes. Também estranhei a variedade das cores das placas dos carros - umas 7 ou 8 cores diferentes. Nos primeiros dias, tentei que alguém me explicasse a diferença, mas as pessoas simplesmente se recusavam a responder qualquer pergunta que eu fizesse. Até que, no penúltimo dia, eu consegui conversar com uma menina de aprox. 18 anos que, num final de tarde, fazia ginástica na calçada perto da casa onde eu estava hospedado. Puxei conversa, ela se aproximou e se apresentou. Disse que era uma soldado do exército cubano, e exibiu suas credenciais. Fiquei espantado. Enquanto a gente conversava, uma moto se aproximou com um homem e uma mulher na garupa. Ela conversou com essas duas pessoas e, depois que partiram, me explicou que era sua mãe e seu padrasto. Eu tinha ouvido um boato de que era proibido pro cidadão comum ser proprietário de um veículo em Cuba, e perguntei a ela porque a sua mãe podia ter uma moto. Ela me explicou que funcionários do governo não só podiam ter um veículo, como também esse veículo era fornecido, mantido e abastecido pelo governo. E disse que sua mãe era uma espécie de "controladora de massas". Ela explicou que em cada quarteirão há um "controlador de massa", espécie de fiscal (me pareceu simplesmente o "dedo-duro" do quarteirão), que controlava e fiscalizava tudo o que acontecia naquela redondeza. Ela também me explicou que, dependendo do cargo ocupado, a pessoa poderia possuir um tipo diferente de carro e, por isso, as cores diferentes das placas. Tudo bancado pelo governo, só pros apadrinhados. Havia também carros com placas de embaixadas, e uma certa cor de placa era destinada àquelas pessoas que vinham estudar na ilha e que traziam o seu carro para usar enquanto estivessem ali - obviamente, pessoas com muita grana. Pelas ruas das cidades há outdoors enaltecendo a democracia e os ideais da revolução. Mas, nas ruas, as pessoas se recusam a conversar com estrangeiros, exceto para pedir dinheiro ou tentar aplicar algum pequeno golpe. Nada democrático. Deu pra perceber que Cuba vive hoje do dinheiro trazido pelos turistas e também da ajuda internacional daqueles países que ainda se sensibilizam com as condições do país. Pura farsa: os membros do partido e os funcionários do governo vivem como reis, cheios de regalias e infinitos benefícios. Mas a população vive na miséria. Parte da população ainda vive na ilusão criada pelos ideais da revolução. Outra parte vive com medo de abrir a boca e se conforma com a situação de miséria. O pouco alimento que o país produz é vendido de forma subsidiada à população que sobrevive com o mínimo do mínimo. É o básico do básico. Os cubanos parecem fortes e saudáveis, mas vivem apenas com o pão, arroz, feijão, frango e uns poucos legumes. Lá tudo é nivelado: por baixo. Estava me esquecendo de contar: no final da conversa com aquela menina, eu perguntei o porque de ela ter sido tão simpática e ter respondido as minhas perguntas. Ela respondeu que eu era um "namorado" em potencial e que um dia poderia tirá-la da ilha de alguma forma. Triste. Conhecer Cuba é interessante, marcante. É um lugar pra se visitar uma vez na vida, mas um lugar que não deixa saudade.

Decepção com a imprensa

Dias atrás eu fiquei indignado com a postura de parte da imprensa londrinense quando li algumas publicações criticando o "aumento" que o legislativo municipal tinha aprovado pros seus membros. Um jornal escrito chegou a colocar uma manchete em tom sensacionalista com os dizeres "no apagar das luzes". Em primeiro lugar, eu não tenho a menor intenção de defender o legislativo municipal. Mas vamos refletir. Deixemos as paixões de lado. Aquilo que foi aprovado não foi um aumento, mas apenas a reposição ou correção da inflação de 2009, que também estava sendo aplicada às categorias que fazem parte do executivo municipal. Embora o dito impacto moral da medida pudesse ser grande, o impacto financeiro foi mínimo e, acima de tudo, justo. A medida foi simplesmente a de estender aquela correção ou reposição (que são diferentes de aumento real) aos membros do legislativo municipal. Agora vem a postura da imprensa. Não tenho como não questionar. Será que a cidade de Londrina e o país não tem outros problemas ou necessidades importantes que mereçam ser exploradas pela imprensa? As ruas esburacadas, o mato nas calçadas, as dispensas de licitação, a exclusão de faixas etárias na vacinação contra a gripe A (pela Anvisa e Min. Saúde) não seriam mais importantes? O que a sociedade ganha com esse massacre aos poderes públicos? Fiscalizar sim, isso é importante tanto pela imprensa, como pelo MP, pela sociedade. Mas sem sensacionalismo. A notícia deve vir com dignidade, ética, equilíbrio de valores. O pior é que as notícias mais sensacionalistas vieram logo do jornal que se mantem sabe-se lá como, sempre foi tendencioso, e nunca foi exemplo de imparcialidade. Chutar defunto ou empurrar bêbado na ladeira é fácil.

A gente pensa sim, mas não tem coragem de falar.

Certa vez eu estava compartilhando algumas "idéias absurdas" com uma pessoa próxima a quem eu sempre respeitei muito, e com quem eu sempre conversei bastante desde pequeno. Eu falava, questionava, refletia, fazia suposições etc. E ela tinha o costume de me ouvir quieta, mas sempre prestando muita atenção. Não costumava opinar. Nesse dia, pra minha surpresa, ela começou a chorar. Eu estranhei aquela reação, e ela me disse: "eu tenho as mesmas dúvidas, os mesmos conflitos, os mesmos medos que vc, mas nunca tive coragem de falar". Eu acho que a grande maioria dos seres humanos sente e pensa da mesma maneira. Com seus medos, suas dúvidas, seus conflitos. Mas poucos se arriscam a falar, a compartilhar. Talvez por medo de não serem compreendidos ou aceitos. Mas esses sentimentos, pensamentos e medos estão lá guardados, e isso ninguém pode negar.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

"Causos" da justiça

Eu vou aproveitar esse espaço pra contar alguns "causos" que vivenciei no meu trabalho como Oficial de Justiça, da Justiça do Trabalho. Volta e meia me ocorre alguma situação de risco, mas também alguma situação cômica. Quando vim transferido pra Londrina, há mais de 7 anos atrás, na primeira semana de trabalho eu recebi um mandado de condução coercitiva. Esse tipo de mandado é expedido quando uma testemunha, intimada a comparecer espontaneamente, falta à audiência e o juiz se vê obrigado a marcar outra audiência mas, por precaução e para evitar outro adiamento, determina que um oficial de justiça a conduza até a sala de audiências, coercitivamente, acompanhado de força policial. Pois bem, logo que comecei a trabalhar em Londrina, eu percebi que havia um número excessivo deste tipo de mandado para ser cumprido na cidade. Em algumas semanas eu chegava a receber 2 ou 3. Numa das primeiras oportunidades, perguntei àquela testemunha faltosa o porque de não ter comparecido à primeira audiência. Aí veio a surpresa: "o adevogado falou que, se eu faltasse à primeira audiência, na segunda viria um oficial de justiça de carro até a minha casa e me daria carona pra chegar ao fórum". Entendi. Então o "adevogado" disse que o Sr. teria "carona" no carro do oficial de justiça. Na próxima oportunidade, assim que recebi o mandado, solicitei apoio da polícia para cumprir aquela ordem judicial. Na data marcada, me dirigi até a residência daquela testemunha, acompanhado pela polícia. Bati palmas, a pessoa veio me atender e disse que estava pronta pra me acompanhar. Pedi que entrasse na "viatura" e a testemunha se espantou: "Eu não vou entrar nessa viatura! Se for pra ir de viatura, eu prefiro ir dirigindo o meu próprio carro", respondeu o cidadão. Eu expliquei que a oportunidade de ir dirigindo o próprio carro ele já tinha perdido quando a primeira audiência foi realizada. E que dessa vez as únicas opções que ele tinha pra escolher era entre "ir algemado" ou "sem algemas", em ambos os casos, na viatura policial. Ele escolheu entrar na viatura sem algemas, mas resmungando e xingando bastante. E, quando chegou ao fórum trabalhista, fez um escândalo e partiu pra cima do "adevogado" e da parte que o havia indicado como testemunha naquele processo. A notícia se espalhou entre os advogados. Resultado: atualmente é raríssima a expedição de mandados de condução coercitiva. Quando uma testemunha falta sem justificativa, geralmente é porque teve algum problema ou realmente se esqueceu da data da audiência. Cheguei à conclusão de que ninguém gosta de "passear" de viatura.

O meu tamanho

Se eu crescer e atingir o tamanho de um grão de areia, eu me sentirei um gigante nesse Universo.

O homem (nunca pisou) na lua.

Pois é, essa é polêmica. Alguns amigos fazem a maior cara de espanto quando eu afirmo que o homem nunca pisou na lua. Minha mãe certa vez me pediu pra guardar essa opinião apenas pra mim, pra que ela não passasse vergonha em público.
Vamos relembrar alguns fatos. Na década de 60, EUA e URSS viviam o auge da guerra fria e quem vencesse a disputa assumiria o papel de maior potência mundial, condição que atrairia as atenções e investimentos para aquele país. E foi o que, de fato, ocorreu quando os EUA conseguiram divulgar a farsa da viagem à lua e que fez grande parte do mundo pensar que aquilo realmente tinha ocorrido. A batalha pela liderança mundial estava ganha. As poucas viagens à lua ocorreram entre 1969 e 1972, sob o governo de Nixon, provavelmente o presidente mais polêmico ou controverso da história daquele país.
Porque mais de 40 anos depois da primeira viagem o homem não retornou mais à lua? Porque o homem não continuou com aquele espírito desbravador e seguiu até Marte ou Vênus? Porque nas décadas de 80 e 90 (passados mais de 20 anos) tantas naves espaciais americanas sofreram acidentes graves em "simples" tentativas de viagens pela órbita terrestre (exemplo das naves Challenger e Columbia)? A tecnologia espacial teria regredido? Ou seria falta de grana? Agora tem grana pra invadir o Afeganistão e o Iraque, mas não tem pra desbravar o espaço?
Eu pesquisei e descobri que os EUA gastaram US$200 bilhões, em valores atualizados, para mandar o homem à lua em 1969. E eu também descobri que em 2009, quando a primeira viagem completaria 40 anos e era aguardada a divulgação das fitas de filmagens originais feitas na lua (o público só teve acesso ao que era transmitido em tempo real pela NASA, durante a expedição, e com baixa qualidade - "tempo real", direto da lua, em 69???), a NASA divulgou que as fitas, antes noticiadas como perdidas no arquivo nacional dos EUA, na verdade tinham sido reutilizadas em outras filmagens, ou seja, filmaram por cima, por uma questão de "economia" de material (está no site da NASA). É sério. Ou melhor, essa informação foi divulgada pela NASA como sendo séria e verdadeira. Gastaram US$200 bilhões para realizar a expedição histórica e depois reutilizaram as fitas originais para economizar material. Deve ter sido em função do espírito reciclador e da consciência ambiental que paira sobre o povo dos EUA. Sinceramente, se o pessoal da NASA tivesse me ligado, eu teria usado minhas economias para bancar fitas novas e evitar que esses arquivos importantes tivessem sido apagados.
Eu poderia escrever páginas aqui levantando indícios ou evidências das fraudes ocorridas. Mas, para encurtar a história, vou deixar a indicação de um site que fez um trabalho minucioso, inclusive com a seleção de fotos, e que mostra muitas fraudes e descreve como seria impossível uma viagem à lua em 1969, como também talvez ainda seja impossível uma viagem à lua em pleno 2010 (http://www.afraudedoseculo.com.br/).

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Conceitos, definições, rótulos: perda de tempo.

Porque a gente vive querendo conceituar tudo? Porque tudo precisa de uma definição? Porque cada coisa precisa de um rótulo? Acho que a gente age assim pra tentar se sentir mais seguro. Talvez pra ter mais clareza sobre onde está pisando ou com o que está lidando. Mas seria muito mais fácil e simples se a gente simplesmente "vivesse", sem se preocupar com todas essas coisas. Até porque qualquer definição nunca será totalmente fiel àquilo que se tenta definir ou conceituar. Conceitos e definições mudam ao longo do tempo. Rótulos caem. Pense em quando alguém te conta sobre uma cidade ou lugar, enche de detalhes, tenta te descrever as emoções vividas no lugar, fala sobre as ruas, casas, flores, comidas. Mas no dia em que vc chega àquele lugar, por mais precisas que tenham sido as descrições, vc vai encontrar um lugar diferente. Seus "olhos" vão enxergar um lugar diferente. Além disso, vc vai sentir o cheiro do lugar, o calor do lugar, a emoção real do lugar. Aquela idéia pré-concebida antes de "vivenciar" o local vai cair por terra. Isso é vivenciar o lugar. Isso é viver. E vale pra todas as áreas da vida. Por isso, melhor do que tentar definir ou conceituar, vamos viver!!! Simples assim.