quarta-feira, 30 de março de 2011

O vegetariano.

Antes de mais nada, eu quero deixar claro que eu não tenho nada contra quem se assume vegetariano. Muito pelo contrário, tenho o costume de almoçar em restaurantes vegetarianos duas ou três vezes na semana. Mas uma vez me aconteceu uma história interessante.
O sujeito era um vegetariano "recém-convertido", fanático, quase-xiíta. Ele achava que, a partir daquele momento, o resto do planeta deveria seguí-lo. O cara falava, argumentava, azucrinava.
Entre outras coisas, ele dizia que comer carne significava comer defunto; que os animais também tinham o direito à vida; que o homem não tinha sido criado pra comer carne, já que tinha que "disfarçá-la" através do cozimento etc. Essa história do "cozimento" foi o golpe de misericórdia. Na mesma hora, eu perguntei a ele:
- Então você é vegetariano, né?
- Sim.
- Nunca come carne?
- Não, de forma alguma.
- Quer dizer que o homem só consegue comer carne se estiver disfarçada com o cozimento?
- Isso mesmo.
- Não pode ser "cru"?
- Não dá.
- Então você só come vegetais?
- Exato.
- Você come mandioca, arroz, feijão?
- Sim, são vegetais. Esses sim foram criados pra alimentar o homem.
- Mas você os come "crus" ou os disfarça com o cozimento?
Ele não respondeu e não quis mais falar comigo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Você acredita em sexto sentido ou intuição?

Eu não acredito. Não acho que isso exista na forma como as pessoas geralmente dizem sentir. Na verdade, eu acredito em algo que não tem nada de sobrenatural.
O que a gente sente às vezes e que nos impulsiona a tomar determinadas decisões ou atitudes? Que força é aquela que algumas pessoas chamam de intuição ou sexto sentido?
O nosso cérebro é extremamente complexo e a ciência ainda está longe de desvendá-lo completamente. Mas é consenso que o cérebro é capaz de coisas que a própria ciência desconhece. E isso não tem nada de sobrenatural; é apenas "cerebral" mesmo.
O cérebro é tão potente e hábil que passa cada segundo de nossas vidas captando e processando absolutamente tudo o que acontece à nossa volta, mesmo - e principalmente - quando não estamos "ligados". Cada som, luz, informação, nada passa despercebido. Não importa se estamos dormindo, acordados ou concentrados em outras atividades. Tudo é captado, processado e armazenado no cérebro. É o maior banco de dados possível. E isso acontece ininterruptamente - desde a vida do feto até a morte.
Assim, com um "banco de dados" como esse e uma incrível capacidade de processamento das informações, toda vez que o indivíduo é colocado numa situação em que precisa agir, em que precisa se manifestar, o cérebro imediatamente "providencia" as melhores soluções possíveis para aquela situação, sempre de acordo com aquelas informações que foram armazenadas durante toda a vida. É tudo tão rápido e automático que alguns chegam a acreditar que seja algo sobrenatural - algo que chamam de intuição ou sexto sentido.
Vale a pena frisar que eu não estou afirmando a inexistência de acontecimentos sobrenaturais. Apenas quero dizer que, na maioria dos casos, aquela solução ou aquela sensação de uma "voz" falando no ouvido, nada mais é do que o nosso próprio cérebro nos socorrendo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

O país do carnaval.

Recentemente eu escrevi sobre o país do futebol, e é provável que eu reproduza aqui alguns argumentos já utilizados naquele texto, pois são assuntos que, mesmo indiretamente, acabam se conectando.
Dizem por aí que eu vivo no "país do carnaval". Mas, como diria Luther King, "I have a dream", e o meu sonho é o de viver no país da educação, do meio ambiente, da excelência em saúde, do índice zero de mortalidade infantil, no país da moralidade ou simplesmente no país da igualdade. Mas não é essa a realidade do meu país, o "país do carnaval".
Eu vou além. Eu vivo numa cidade de 500 mil habitantes. Dias atrás, a imprensa local divulgou como "números oficiais" que as festas populares ligadas ao carnaval e que tiveram, de alguma forma, apoio do poder público reuniram menos de 500 pessoas. Ou seja, menos de 0,01% da população. Alguns chegaram a colocar a culpa no mau tempo. Mas será que a pessoa que realmente gosta de pular o carnaval deixaria de fazê-lo por causa da chuva?
Na minha opinião, Londrina definitivamente não é a cidade do carnaval. O Estado do Paraná também não deve ser o estado do carnaval, pois em todo o estado as festas foram escassas. E todos sabemos que a esmagadora maioria da população, tanto de Londrina como de todo o estado, aproveitou o feriado pra viajar ou descansar, mas não pra pular o carnaval. Talvez isso também tenha se evidenciado na maioria dos estados brasileiros, com as exceções pontuais do Rio de Janeiro (capital), Bahia (capital) e um ou outro estado do nordeste. Isso é fato. É interessante frisar que praticamente qualquer show de rock, MPB ou mesmo sertanejo costuma reunir mais de 500 pessoas em qualquer apresentação. E isso não acontece apenas no Paraná, mas - agora sim - na maioria dos estados brasileiros. E nem por isso o Brasil passou a ser tão fortemente conhecido como o "país do sertanejo", o "país do rock'n roll" ou o "país da MPB". Longe disso. Continuamos conhecidos como o "país do carnaval".
Vale a pena registrar, ainda, que o poder público investe recursos públicos no carnaval, especialmente no RJ e na BA. Sim, o direito à cultura é garantido pela constituição e é dever do Estado fazer esse tipo de investimento. Assim, como o direito à saúde, educação, moradia etc. Mas será que não deveria existir alguma forma de prioridade? Se eu morasse na Suécia ou na Finlândia e tivesse saúde e educação de excelente qualidade providos integralmente pelo Estado, eu seria o primeiro a ir pras ruas defender o investimento em cultura, principalmente se for cultura histórica e popular e que envolvesse uma "grande" parcela da população. Não uma festa celebrada como feriado nacional, mas que efetivamente envolve talvez não mais do que 0,01% da população. Sem contar que há registros oficiais que demonstram que o período do ano em que há mais acidentes nas estradas, homicídios, transmissão de DSTs e gravidezes indesejadas de adolescentes e jovens é justamente nesse período. Por que será? Uma festa popular, histórica e cultural não deveria ser mais "pacífica", "educativa" ou "conciliadora"? Mas não é. Isso também é fato.
Faltam prioridades, transparência, seriedade. Sobram populismo e hipocrisia. Enquanto isso, "viva o carnaval!!!".

terça-feira, 15 de março de 2011

Ah, se fosse simples...

Ah, se a vida fosse mais simples...
Se conseguíssemos controlar os nossos medos, e nos arriscar mais...
Se conseguíssemos nos preocupar menos, e relaxar mais...
Se conseguíssemos duvidar menos, e confiar mais...
Se conseguíssemos chorar menos, e sorrir mais...
Se conseguíssemos odiar menos, e amar mais...
A cada dia conseguiríamos morrer menos e viver mais.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A festa dos gringos.

Eu me lembrei de uma história interessante. Aconteceu com o "Joãozinho".
O Joãozinho foi para os Estados Unidos com alguns amigos pra trabalhar. Lá chegando, trabalhou pesado. Trabalhou em serviços de limpeza, em açougue e em mercado. Mas o último trabalho do Joãozinho foi num matadouro. Isso mesmo: aqueles locais onde se abatem bois, porcos, cabritos etc. Era um trabalho sujo e pesado, mas o pagamento era bem superior aos trabalhos anteriores. Além disso, seria apenas por um curto período pois Joãozinho já estava se preparando pra voltar pra casa.
Esse matadouro era pequeno. Nele trabalhavam dois brasileiros - o Joãozinho e um amigo, uns dez cubanos e uns dez mexicanos. Os cubanos e mexicanos eram todos trabalhadores ilegais, pessoas muito simples, semi-analfabetos. O amigo do Joãozinho tinha experiência anterior com abate e se tornou uma espécie de gerente do matadouro. Já o Joãozinho passou a ocupar uma posição privilegiada, pois era o único que falava inglês e espanhol, além do português. Por isso, atendia o telefone e recebia os clientes e fornecedores.
Passados dois meses, Joãozinho decidiu que era hora de partir. Já tinha conseguido acumular a quantia que pretendia e, assim, avisou aos proprietários do matadouro de que na sexta-feira seguinte seria o seu último dia de trabalho. Ao chegar pra trabalhar na sexta de manhã, reuniu os trabalhadores cubanos e mexicanos e avisou que na próxima segunda haveria uma grande festa no matadouro, que ninguém iria trabalhar, e que eles poderiam fazer uma lista e escolher o cardápio, a música e o que mais quisessem pra se divertir o dia inteiro. E tudo seria por conta do "proprietário" e do "gerente" - amigo do Joãozinho. Apareceu de tudo nessa lista. Pediram muita comida, churrasco com "papas", muita cerveja e até "muchas mujeres". O amigo do Joãozinho passou o dia encucado com aquela empolgação mas, por não falar espanhol, não entendia o que estava acontecendo.
A sexta-feira se foi e no sábado pela manhã o Joãozinho pegou o seu avião de volta pra casa. Na segunda-feira pela manhã, já no Brasil, o Joãozinho recebeu uma ligação estranha do amigo que tinha ficado trabalhando no matadouro. Mas até hoje o Joãozinho não conseguiu descobrir em qual língua seu amigo gritava com ele ao telefone. Provavelmente, era russo.