Outro dia meu pai me chamou de retrógrado. Talvez tivesse sido mais leve se tivesse me chamado apenas de conservador. Conservador dá a idéia de alguém parado no tempo. Mas retrógrado é pior: dá a idéia de alguém que retroage no tempo.
Foi inevitável refletir sobre o assunto. E o otimismo que me mantem vivo me fez enxergar alguns aspectos positivos no comentário dele. Ou, pelo menos, a minha ótica foi positiva. Em primeiro lugar, a vida é constantemente sujeita a mudanças. Pra melhor ou pra pior. Não há como fugir disso enquanto estivermos vivos (até porque depois, dizem, é dessa pra uma melhor). Assim, só cabe a nós nos adaptarmos às mudanças que ocorrerão.
Há dois anos atrás eu passei pela mudança mais brusca de toda a minha vida. Por mais previsível que a situação geradora da mudança fosse, no fundo, a gente nunca espera que aquilo realmente aconteça. Mas aconteceu. Minha vida mudou absurdamente. No início, fiquei totalmente sem rumo. Tive que me adaptar em todas as áreas possíveis da minha vida. Em muitos momentos, achei que não fosse ter forças para sobreviver a tantas mudanças. Mas eu sobrevivi. Quase sempre a gente sobrevive. Já dizia Sêneca, o moço: "Silêncio, paciência e tempo". Tenho uma certa dificuldade em me manter em silêncio, mas gosto especialmente da parte que trata da paciência e do tempo. Acredito que com o tempo tudo se ajeita. E com um pouco de paciência tudo fica mais fácil.
Eu sei que é difícil manter a calma depois que uma crise já se instalou. Então o mais interessante talvez seja estar preparado para quando uma crise chegar, para quando a mudança estiver para acontecer, já que sabemos que elas serão inevitáveis, quase sempre inadiáveis, pois fazem parte da vida. Se estivermos preparados para as mudanças, vai ser muito mais fácil, rápido e menos traumático passar pelo processo de adaptação. E as chances de que essa mudança seja "para melhor" aumentarão consideravelmente. No meio do meu processo pessoal de adaptação às mudanças, eu tive que tomar várias decisões. Acertei em algumas, errei em outras. Mas, passados dois anos, agora eu posso reconhecer melhor o que realmente importa pra mim, o que realmente tem valor para a minha vida. E, talvez, por isso, meu pai tenha me chamado de retrógrado.
De fato, eu estou tentando retroagir e resgatar alguns princípios e valores que eu carreguei durante grande parte da minha vida, mas dos quais estive afastado durante os momentos difíceis. Também estou tentando resgatar amizades de infância, sonhos que eu tinha quando era criança. Eu estou retroagindo sim, mas apenas para resgatar as coisas boas e de valor que eu tinha deixado pelo caminho. No fim das contas, acabei aceitando o "retrógrado" como um elogio. Gostei.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Ditadura branca.
Há poucas décadas atrás, era necessário um golpe de estado ou uma guerra para que uma ditadura militar fosse implantada em determinado país. Isso ainda é comum em países africanos, e volta e meia vemos nos notíciários um novo golpe de estado naquele continente.
Uma das características das ditaduras é que o governante não responde à lei. Geralmente, com a queda do poder até então estabelecido, o novo governante golpista revoga a legislação em vigor e passa a governar de acordo com os seus interesses. Interessante que, geralmente, esses governos golpistas ainda tentam dar a impressão de que governam para o bem povo.
No Brasil não há mais espaço para golpes de estado e instituição de ditadura. Ou melhor, golpes de estado ou ditaduras militares atualmente são desnecessárias no Brasil.
Porque um presidente fecharia o Congresso, se quisesse dar um golpe e administrar o país ditatorialmente? É mais simples, menos traumático e menos escandaloso se dominar o Congresso através das trocas de favores com a divisão de cargos públicos aos partidos, mediante a manipulação do orçamento etc.
Porque um presidente daria um golpe de estado e revogaria a legislação de um país para administrar exclusivamente de acordo com os seus interesses? Isso não é necessário. É mais simples, mais fácil dominar o Congresso para que a maioria do legislativo vote sempre de acordo com os interesses do governo, revogando o que não convém, e aprovando o que interessa.
Porque um presidente fecharia ou interviria nos canais de televisão privados do país? É mais fácil comprá-los através dos milhões de reais gastos anualmente com a propaganda institucional do governo.
Porque um presidente iria ameaçar, agredir, prender ou intimidar os cidadãos do país? É mais fácil conquistá-los tornando-os dependentes do governo através do bolsa escola, bolsa familia e tantas outras bolsas disponíveis para a população, de acordo com suas necessidades. O custo é bem menor do que no uso de armas.
Ou seja, é muito mais simples se dominar um país e um povo através de uma "ditadura branca". Não há violência explítica, nem derramamento de sangue pelas ruas. Ditaduras militares estão fora de moda e mancham a imagem do governante perante a opinião pública internacional. Ainda mais no caso de um governante que se coloca como apto a assumir a secretaria geral da ONU, ou a direção geral do Banco Mundial, após deixar o governo.
E o pior é que não há novidade nisso tudo, mas apenas a modernização no uso do bom e velho panis et circenses.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Retrato do cotidiano.
Eu cheguei a uma parada de ônibus perto da Plaza de la Revolucion, em Havana, e me assustei com a velha senhora que discursava para ninguém, falando bem alto, com uma voz forte e rouca, gritando palavras incompreensíveis. Era uma senhora de cabelos brancos, talvez nem tão idosa, mas com uma aparência bem sofrida e castigada pelo tempo. Enquanto ela falava, agitava um pedaço de papel em uma das mãos. Meu pai estava comigo e se surpreendeu quando eu me aproximei e me sentei bem ao lado dela. Meu sentimento era de receio, mas também de curiosidade e uma certa compaixão. Perguntei o que estava acontecendo, se ela estava com algum problema, e ela desandou a contar a história de sua vida.
Enquanto ela falava e se emocionava, lágrimas corriam de seus olhos. Ela contava que sua vida tinha sido muito difícil desde pequena, e especialmente após a revolução. Tinha sofrido muito durante a infância, com seu pai. Depois, já adulta, o sofrimento continuou nas mãos de seu marido. Também disse que tinha sido torturada durante a revolução e que hoje tinha problemas psiquiátricos, e que estava voltando de uma consulta médica com aquela receita de medicamento na mão, mas que o remédio não tinha sido fornecido pelo governo e nem estava disponível em alguma farmácia da ilha, ainda que tivesse o dinheiro necessário para comprá-lo. Conversamos por quase meia hora, antes que o meu ônibus chegasse. No final da conversa, ela já estava mais calma, falava de forma mais pausada, como se tivesse desabafado. Aqueles minutos de conversa foram um privilégio pra mim. Retrato de um povo marcado pela dor e o sofrimento.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Interesse: interessado ou interesseiro?
Tudo na vida gira em torno de algum interesse. Mas isso não precisa significar algo negativo. Pelo contrário, é até saudável, inteligente e natural.
A cada passo, a cada decisão que tomamos, temos que refletir sobre o que é bom pra nós, sobre o que queremos, sobre o que nos atrai ou o que nos faz sentir bem. Ou seja, sobre o que nos interessa.
As pessoas tomam decisões de consumo baseadas em seus interesses, escolhem os destinos de viagens de acordo com os seus interesses, estabelecem círculos de amizade em função de interesses. Alguém que gosta de história vai escolher visitar Cuba ou a Itália; alguém que prefere as compras vai optar por Miami. Até aí, tudo bem. Insisto que isso é saudável, apropriado e normal.
O problema começa quando as pessoas agem de forma descontrolada, desonesta, desrespeitosa e anti-ética pra atingirem os seus objetivos e satisfazerem os seus interesses. Costumamos denominar esse tipo de atitude como "interesseira". De forma simplista, poderia se dizer que é "fazer algo a qualquer custo" ou "passando por cima do que ou de quem quer que seja". Significa enganar, corromper, iludir ou se usar de qualquer tipo de artifício desonesto ou imoral para satisfazer um interesse (eu não vou entrar na discussão do que pode ser definido como moral ou imoral, mas levo em conta apenas uma idéia genérica de moralidade do homem médio).
Uma pessoa interessada é diferente de uma pessoa interesseira. Uma pessoa pode se interessar por algo, mas não deve ser interesseira em qualquer situação ou circunstância da vida. São aspectos distintos e são posturas distintas que, por sua vez, geram comportamentos bem distintos.
Quando tomamos uma decisão e assumimos que temos determinado interesse, devemos avaliar, antes de mais nada, se o benefício que será alcançado com a eventual satisfação daquele interesse pode gerar algum tipo de prejuízo na vida de alguém. Se chegarmos à conclusão de que, na satisfação do nosso interesse, existe o risco de causar prejuízo a alguém, é hora de repensar o valor do nosso benefício. É hora de pensar se esse interesse é digno e legítimo.
A partir do momento em que alguém deixa de avaliar o possível impacto negativo de seus atos na vida dos outros, essa pessoa passa a agir de forma interesseira. E isso não é saudável, isso não é digno, não é ético e nem honesto. Não há virtude em uma atitude interesseira. E de que vale uma vida sem virtude?
terça-feira, 18 de maio de 2010
EUA x Irã
O governo brasileiro comemorou nos últimos dias a intermediação de um acordo nuclear celebrado com os governos do Irã e da Turquia. É óbvio que existe uma troca de favores entre o governo brasileiro e o governo iraniano. O governo brasileiro aparece como bom mocinho e tenta se credenciar ainda mais a uma vaga efetiva no conselho de segurança da ONU, enquanto o governo iraniano alivia a pressão internacional contra o país.
Mas e os Estados Unidos? Onde entram nessa história?
Para os EUA, esse acordo foi uma grande derrota política, pois perdem credibilidade, força e poder de negociação. Mas, muito mais que isso, perdem legitimidade para atacar o Irã, que é a vontade real dos EUA. Se o Obama tivesse perdido a eleição, certamente um governo republicano já teria executado esse ataque a essa altura do jogo.
Agora resta aos EUA criticar e condenar o acordo. Mas, espere aí: a briga toda não era pra que um acordo fosse celebrado? Não era isso que os EUA tanto queriam? Pois bem, o acordo está aí. Agora vem os EUA afirmar que o Irã não vai cumprí-lo.
A contradição e a incoerência dos EUA são absurdas. Queriam um acordo, pois achavam que nunca seria celebrado. Agora que há um acordo, alegam que não será cumprido. Mas só o tempo dirá se será cumprido ou não. E os EUA terão que conceder esse "tempo" ao governo iraniano. Jogada de mestre do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Celibato
A intenção aqui é abordar a questão do celibato de forma mais objetiva possível, deixando de lado ideologias ou paixões.
Não importa a quem se atribua a criação e a evolução do homem, a Deus ou ao big bang, é fato que o homem possui órgãos reprodutores, é movido por hormônios, possui desejos e vontades guiados pelo seu cérebro. Essa é a fisiologia humana. Isso é fato.
Imaginemos que exista um Deus ou um ser superior e criador que tenha formado o homem. É de se presumir que, se esse Ser tivesse a intenção de criar alguns humanos separados para o celibato, Ele, na sua imensa sabedoria, o teria feito de modo que alguns homens nasceriam sem os órgões reprodutores, ou não produziriam os mesmos hormônios comuns aos demais membros da espécie.
Seria cruel se criar humanos como humanos e, depois, exigir que alguns seres se abstivessem de querer e sentir vontades e desejos de praticar atos para os quais foram criados em sua essência. Imagine alguém que foi criado e condicionado para ter sede e fome, mas que fosse pressionado para não sentir sede e fome, ou fosse impedido de ter sede e fome. Isso seria anti-humano.
Deus não instituiu o celibato. Os homens instituíram o celibato. E a história deixa claro que os motivos pelos quais o celibato foi instituído não eram nem um pouco nobres. Pelo contrário, eram os mais materialistas possíveis.
Não adianta querer argumentar que alguns homens simplesmente optam pelo celibato de forma espontânea e voluntária. Esses homens não sabiam o que enfrentariam na vida celibatária simplesmente porque ainda não tinham enfrentado esse desafio. Muitos foram pressionados pela própria familia, desde o seu nascimento, para optar por aquele caminho. E, após assumida a postura do celibato, esse mesmo homem não é mais livre para voltar atrás, pois, em seu íntimo, assumiu um compromisso perante a familia, perante os amigos, perante a igreja e a sociedade. O preço de voltar atrás seria muito alto. O risco de exclusão social e familiar seria imenso.
A essência humana é contrária ao celibato. E, por isso, cedo ou tarde essa essência vai prevalecer. Ultimamente, têm se tornado cada vez mais comuns, ou mais públicos, os problemas decorrentes dessa tentativa de se lutar contra a essência do homem - contrária ao celibato. E os resultados são extremamente tristes para todos os envolvidos.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Viagem no tempo
Eu não acredito que algum dia o homem consiga viajar no tempo. Ao passado ou ao futuro, não importa. Creio que será sempre impossível. Não apenas hoje, levando-se em consideração a tecnologia disponível, mas em qualquer época, mesmo no mais longínquo futuro.
Eu não sou físico ou astrônomo, mas apenas um curioso que gosta de pensar. E o que eu penso em relação à viagens no tempo é simples. Vamos supor que, lá no futuro, daqui a 200, 500 anos, o homem alcançasse a tecnologia para viajar no tempo. Certamente, esse homem do futuro já teria voltado aqui ao nosso tempo pra nos visitar. Mas não temos qualquer tipo de registro ou mesmo indícios desse tipo de "visita" do futuro. Ainda que o homem de daqui a um milhão de anos alcançasse essa tecnologia, ja haveria em algum momento da nossa história algum registro dessas visitas de "volta ao passado". Mas não existe.
Além do mais, estando no presente, pra nós o futuro não existe. E quando o futuro chegar, o nosso presente já terá se tornado passado e, por consequência, também não existirá mais. Ou seja, o passado não existe mais em qualquer circunstância. E presente e futuro não podem coexistir. Quando um (presente) está "vivo", o outro (futuro) ainda não existe. E, quando o outro chega, aquele já "morreu".
Há que se considerar ainda algumas implicações de uma viagem no tempo. Por exemplo, se daqui a 200 anos o homem alcançasse essa tecnologia de viajar ao passado e resolvesse voltar ao tempo em que seu bisavô era jovem e, por algum motivo, interferisse tirando a vida de seu bisavô antes que este deixasse descendentes, o que aconteceria? Imediatamente aquele viajante deixaria de existir? Alguns físicos famosos que acreditam que um dia viagens no tempo serão possíveis afirmam que, nessas situações, universos paralelos seriam criados. Ou seja, haveria um curso principal do tempo, mas haveria também ramificações. Toda vez que houvesse uma interferência no passado, aquele passado se ramificaria de modo que o curso principal continuasse fluindo, e um universo paralelo surgiria com as mesmas pessoas e essas alterações e interferências, em forma de uma ramificação. Assim, a partir daquele momento, o universo prosseguiria através de duas realidades. E isso poderia ocorrer indefinidamente ou infinitamente cada vez que houvesse uma intereferência no tempo. Infinitos universos paralelos poderiam ser criados e poderiam coexistir.
Simplesmente muito louco!!! Louco, quem? Esse papo? Sei lá. Esse é mais um assunto daqueles da série em que a minha mãe diz: "filho, você pode até pensar nessas coisas, só não conte aos outros".
domingo, 2 de maio de 2010
Pescar na "loca"
A palavra "loca" não consta dos dicionários de português. Provavelmente tenha origem indígena. Loca significa buraco, toca, local onde alguns animais se abrigam, entre eles, os peixes.
Quando eu era adolescente, eu costumava pescar na loca, no Ribeirão Lindóia, em Ibiporã. Era uma pescaria diferente, apenas com as mãos. A gente costumava entrar no córrego que media uns 3,00m de largura por 1,20m de profundidade, e tinha que percorrê-lo agachado, tateando por suas paredes até encontrar as locas ou buracos onde os peixes se abrigam. É interessante que, durante o dia, a maioria dos peixes se esconde nas locas e só sai pra se alimentar à noite.
Quando uma loca era encontrada, a gente tinha que tampá-la com as mãos até que aquele que tivesse o braço mais fino e comprido viesse para tentar apanhar os peixes. Em algumas locas havia apenas um único peixe de tamanho médio; em outras, diversos peixes menores. Geralmente, os peixes encontrados eram cascudos, acarás, tilápias e pequenas carpas. Sempre havia o receio de que pudesse haver alguma cobra escondida naquelas locas, mas a gente nunca teve o azar de encontrar alguma. Costumávamos passar horas durante as tardes descendo o córrego e pegando peixes com as mãos e só ficávamos satisfeitos quando conseguíamos uns 2 ou 3 Kg de peixes pra poder voltar pra casa e fazer uma bela "fritada".
Tenho saudades daquela época. Eu, o Kéco, o Migué e o Diogo. Às vezes outras pessoas nos acompanhavam, mas geralmente era esse o grupo. O Kéco é quem tinha o braço mais comprido e conseguia alcançar os peixes que tentavam se esconder no fundo da loca. Hoje o Kéco é instrutor de mergulho em Fernando de Noronha e deve levar uma vida duríssima. O Migué e o Diogo são empresários. Bons tempos aqueles.
Quando eu era adolescente, eu costumava pescar na loca, no Ribeirão Lindóia, em Ibiporã. Era uma pescaria diferente, apenas com as mãos. A gente costumava entrar no córrego que media uns 3,00m de largura por 1,20m de profundidade, e tinha que percorrê-lo agachado, tateando por suas paredes até encontrar as locas ou buracos onde os peixes se abrigam. É interessante que, durante o dia, a maioria dos peixes se esconde nas locas e só sai pra se alimentar à noite.
Quando uma loca era encontrada, a gente tinha que tampá-la com as mãos até que aquele que tivesse o braço mais fino e comprido viesse para tentar apanhar os peixes. Em algumas locas havia apenas um único peixe de tamanho médio; em outras, diversos peixes menores. Geralmente, os peixes encontrados eram cascudos, acarás, tilápias e pequenas carpas. Sempre havia o receio de que pudesse haver alguma cobra escondida naquelas locas, mas a gente nunca teve o azar de encontrar alguma. Costumávamos passar horas durante as tardes descendo o córrego e pegando peixes com as mãos e só ficávamos satisfeitos quando conseguíamos uns 2 ou 3 Kg de peixes pra poder voltar pra casa e fazer uma bela "fritada".
Tenho saudades daquela época. Eu, o Kéco, o Migué e o Diogo. Às vezes outras pessoas nos acompanhavam, mas geralmente era esse o grupo. O Kéco é quem tinha o braço mais comprido e conseguia alcançar os peixes que tentavam se esconder no fundo da loca. Hoje o Kéco é instrutor de mergulho em Fernando de Noronha e deve levar uma vida duríssima. O Migué e o Diogo são empresários. Bons tempos aqueles.
sábado, 1 de maio de 2010
As toalhas pretas
Dias atrás eu tive a idéia infeliz de comprar um jogo de toalhas pretas. Toalha de banho, rosto e piso. Tudo preto. Que besteira!
Ainda não consigo entender o que passou pela minha cabeça ao decidir comprar essas toalhas pretas. Acho que eu queria sair da mesmice. Toalhas geralmente são azuis, verdes, amarelas. Talvez eu tenha pensado que ficariam fashion no meu banheiro. Sei lá, talvez dariam um ar retrô.
A meleca já começou na primeira lavagem. E que lavagem. Eu não sei de onde pode sair tanta tinta preta. É como se tivesse um depósito de tinta preta escondido em algum lugar secreto da toalha. Você pode enxaguar mil vezes que ainda continua saindo tinta preta. Elas têm que ser lavadas separadas das outras roupas, senão mancha tudo. Além de manchar, soltam fiapos. Pretos, obviamente.
Tentei usar o jogo de toalhas nesses últimos dias, mas até a parede onde a toalha fica pendurada ficou preta. Me enxuguei com a toalha preta e ficaram fiapos pretos por todo o meu corpo. Até na minha barba "por fazer" tinha fiapos da toalha preta.
A pergunta que não sai da minha cabeça: quem foi o imbecil que decidiu fazer toalhas pretas? Bem, deixa pra lá. Mais imbecil que quem "fez" as toalhas pretas foi quem "comprou" as toalhas. Vivendo e aprendendo.
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