Eu me lembrei de uma história interessante. Aconteceu com o "Joãozinho".
O Joãozinho foi para os Estados Unidos com alguns amigos pra trabalhar. Lá chegando, trabalhou pesado. Trabalhou em serviços de limpeza, em açougue e em mercado. Mas o último trabalho do Joãozinho foi num matadouro. Isso mesmo: aqueles locais onde se abatem bois, porcos, cabritos etc. Era um trabalho sujo e pesado, mas o pagamento era bem superior aos trabalhos anteriores. Além disso, seria apenas por um curto período pois Joãozinho já estava se preparando pra voltar pra casa.
Esse matadouro era pequeno. Nele trabalhavam dois brasileiros - o Joãozinho e um amigo, uns dez cubanos e uns dez mexicanos. Os cubanos e mexicanos eram todos trabalhadores ilegais, pessoas muito simples, semi-analfabetos. O amigo do Joãozinho tinha experiência anterior com abate e se tornou uma espécie de gerente do matadouro. Já o Joãozinho passou a ocupar uma posição privilegiada, pois era o único que falava inglês e espanhol, além do português. Por isso, atendia o telefone e recebia os clientes e fornecedores.
Passados dois meses, Joãozinho decidiu que era hora de partir. Já tinha conseguido acumular a quantia que pretendia e, assim, avisou aos proprietários do matadouro de que na sexta-feira seguinte seria o seu último dia de trabalho. Ao chegar pra trabalhar na sexta de manhã, reuniu os trabalhadores cubanos e mexicanos e avisou que na próxima segunda haveria uma grande festa no matadouro, que ninguém iria trabalhar, e que eles poderiam fazer uma lista e escolher o cardápio, a música e o que mais quisessem pra se divertir o dia inteiro. E tudo seria por conta do "proprietário" e do "gerente" - amigo do Joãozinho. Apareceu de tudo nessa lista. Pediram muita comida, churrasco com "papas", muita cerveja e até "muchas mujeres". O amigo do Joãozinho passou o dia encucado com aquela empolgação mas, por não falar espanhol, não entendia o que estava acontecendo.
A sexta-feira se foi e no sábado pela manhã o Joãozinho pegou o seu avião de volta pra casa. Na segunda-feira pela manhã, já no Brasil, o Joãozinho recebeu uma ligação estranha do amigo que tinha ficado trabalhando no matadouro. Mas até hoje o Joãozinho não conseguiu descobrir em qual língua seu amigo gritava com ele ao telefone. Provavelmente, era russo.
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