Nós temos uma tendência a sempre julgar qualquer coisa como boa ou ruim, como melhor ou pior. É algo quase automático e que acontece de forma inconsciente.
Mas nem sempre algo tem necessariamente que ser bom ou ruim, melhor ou pior.
Quando se tenta definir se algo é melhor ou pior, a situação é ainda mais delicada. Pois, nesse caso, o julgamento ocorre sempre em forma de uma comparação entre A e B pra saber quem ou o que é melhor ou pior. E tem mais um detalhe: pra se fazer qualquer comparação, nós sempre usamos parâmetros ou conceitos pré-concebidos. Quer dizer, usamos "pré-conceitos". Esse tipo de reação ou comportamento às vezes torna a nossa vida pesada demais. É algo desnecessário, evitável ou simplesmente dispensável.
Mas será que, em muitos casos, as coisas não podem ser simplesmente diferentes?
Nem sempre é uma questão de ser bom ou ruim, mas apenas de ser diferente. Nem sempre algo ou alguém precisa ser melhor ou pior, mas apenas diferente. Isso é fato. Agindo assim, a nossa vida fica mais leve.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
A fuga para a cozinha
Hoje eu fiz uma descoberta que me deixou estarrecido.
Eu não me considero mais uma pessoa muito ansiosa, nem tão impulsiva - já fui ansioso e impulsivo quando era mais jovem. Mas eu acabei de perceber que, toda vez que tenho algo pra resolver ou decidir e não sei exatamente o que fazer, inconscientemente, eu vou pra cozinha e começo a lavar a louça. Como eu disse, eu estava fazendo isso sem perceber, era totalmente inconsciente.
Eu nunca soube de um mecanismo de fuga ou defesa parecido com esse. E o interessante é que lavar louça, juntamente com passar roupa, sempre foram as piores coisas do mundo pra mim.
Claro, a esquisitice tem algo de positivo. Ultimamente é raro encontrar louça suja na pia da minha cozinha. Bem diferente das pilhas de louça suja que costumavam se acumular na pia até que não existisse mais um único copo ou talher limpo e eu tinha que me render e lavar tudo. Quer dizer, nem tudo. Muitas vezes, eu lavava apenas o que eu iria precisar naquele momento. A pilha estava tão alta, tudo tão bem organizado e encaixado - uma espécie de Lego da louça suja, que parecia uma obra de arte, e eu ficava com dó de destruir aquele trabalho.
Como em tudo na vida sempre há algo de positivo, fica a dica: se você estiver se sentindo tenso, ansioso, indeciso, corra pra cozinha e lave toda a sua louça. Faça isso devagar, refletindo, curtindo a esponja, o detergente, a espuma que vai se formando... Se, no final, você ainda estiver tenso e indeciso, ao menos você vai sentir aquela sensação de dever cumprido. A louça estará limpa e você terá um problema a menos com que se preocupar.
A louça é só uma opção. Se você não tiver louça suja, também vale limpar o banheiro ou passar roupa. O importante é você se sentir bem.
Eu não me considero mais uma pessoa muito ansiosa, nem tão impulsiva - já fui ansioso e impulsivo quando era mais jovem. Mas eu acabei de perceber que, toda vez que tenho algo pra resolver ou decidir e não sei exatamente o que fazer, inconscientemente, eu vou pra cozinha e começo a lavar a louça. Como eu disse, eu estava fazendo isso sem perceber, era totalmente inconsciente.
Eu nunca soube de um mecanismo de fuga ou defesa parecido com esse. E o interessante é que lavar louça, juntamente com passar roupa, sempre foram as piores coisas do mundo pra mim.
Claro, a esquisitice tem algo de positivo. Ultimamente é raro encontrar louça suja na pia da minha cozinha. Bem diferente das pilhas de louça suja que costumavam se acumular na pia até que não existisse mais um único copo ou talher limpo e eu tinha que me render e lavar tudo. Quer dizer, nem tudo. Muitas vezes, eu lavava apenas o que eu iria precisar naquele momento. A pilha estava tão alta, tudo tão bem organizado e encaixado - uma espécie de Lego da louça suja, que parecia uma obra de arte, e eu ficava com dó de destruir aquele trabalho.
Como em tudo na vida sempre há algo de positivo, fica a dica: se você estiver se sentindo tenso, ansioso, indeciso, corra pra cozinha e lave toda a sua louça. Faça isso devagar, refletindo, curtindo a esponja, o detergente, a espuma que vai se formando... Se, no final, você ainda estiver tenso e indeciso, ao menos você vai sentir aquela sensação de dever cumprido. A louça estará limpa e você terá um problema a menos com que se preocupar.
A louça é só uma opção. Se você não tiver louça suja, também vale limpar o banheiro ou passar roupa. O importante é você se sentir bem.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Os 40 anos da UEL
A Universidade Estadual de Londrina completa 40 anos.
É um momento de celebração e de reflexão, pois se trata de uma das mais importantes universidades do país, recentemente classificada como a 61a melhor universidade da América Latina.
Mas, afinal, o que é a UEL? Pra que serve a UEL? Quem faz a UEL?
Nos últimos 20 anos, eu sempre mantive uma certa proximidade com a universidade. Além de mim, meus pais e minha irmã se graduaram lá, sem contar os tios e primos. Por isso, para a minha familia, a UEL envolve até questões sentimentais. Meus pais eram estudantes da UEL no momento de sua criação (ou transformação em universidade) há 40 anos. E eu pude acompanhar alguns fatos e acontecimentos desses últimos 20 anos - portanto, metade dessa existência.
Teoricamente, a UEL deveria focar primordialmente o ensino e a pesquisa. Ensino universitário deveria significar a formação eficiente de profissionais nas mais variadas áreas. Nesse processo, a UEL deveria dar ao aluno as condições necessárias ao seu aprendizado e formação com um mínimo de conforto e tranquilidade.
Quando eu fiz o curso de Direito, no início da década de 90, eu tinha aulas nos centros denominados CESA e CCH. Hoje, no curso de Filosofia, tenho aulas no CCH. Então eu vou usar o CCH como exemplo pra refletir um pouco sobre a UEL.
Infelizmente, posso afirmar que muito pouca coisa mudou na estrutura do CCH nesses 20 anos. Nesse período, alguns prédios novos foram acoplados ao CESA e ao CCH. Mas os prédios antigos continuam praticamente os mesmos, salvo pequenas reformas que tantaram disfarçar um pouco a precariedade dos edifícios. O CCH é composto de três prédios grandes e principais.
Por exemplo, no prédio antigo e mais alto do CCH, não há acesso para deficientes físicos aos andares superiores. E há apenas um banheiro masculino e um feminino para o prédio todo. Banheiros que, por sinal, são antigos, sujos, fedidos e mal conservados. Sempre. Eram assim há 20 anos, e continuam assim nos dias de hoje. Papel higiênico ou toalhas de papel para enxugar as mãos são objetos raros naqueles locais, pelo menos no período noturno. Sei lá, talvez pensem que os alunos da noite não lavam as mãos ou não limpam a... deixa pra lá.
No prédio mais novo do CCH, onde funciona a parte administrativa, também há apenas um banheiro masculino e um banheiro feminino. E o prédio também é relativamente grande. Mas aí vem a melhor notícia: esses banheiros ficam fechados! E só os funcionários e professores é que podem usá-los (mas, pera lá, pra quem é a UEL mesmo???).
Algo inusitado, pra não dizer triste, aconteceu em 2010 no CCH: enquanto o prédio que fica próximo do CESA foi reformado e os banheiros desse prédio ficaram fechados pra reforma por meses - durante o período letivo, diga-se de passagem (ao invés de fazer a reforma nas férias), todos os alunos que estudam nesse centro tinham apenas um único banheiro pra utilizar (lembrando que os banheiros do prédio mais novo só podem ser usados por funcionários e professores). Aquele mesmo banheiro velho, sujo, mal conservado, que raramente tem "papel".
No início de 2011 e também no início do segundo semestre, na volta às aulas após as férias, nós tivemos uma grande surpresa ao encontrar as salas de aula do CCH sujas. Isso mesmo: completamente sujas. Levamos quase um mês pra limpar as carteiras usando as nossas roupas. Parece exagero? Pois bem, ainda hoje essas mesmas salas continuam sujas, como se não fossem limpas há anos. Além da sujeira, muitas carteiras estão quebradas ou remendadas. É provável que falte algum "pedaço" em pelo menos metade das carteiras encontradas no CCH. Sem contar que as carteiras são extremamente desconfortáveis. Mas aí já seria pedir demais, né? (detalhe: os funcionários da UEL possuem carteiras confortáveis - mas os funcionários são os funcionários)
Há poucos recursos extras pra ser utilizados em sala de aula (recursos audiovisuais, por exemplo). A utilização desses recursos é pouco funcional. E, além disso, existe uma certa burocracia pro uso desses recursos. Quer dizer, na prática, quase nunca são utilizados.
Mas porque eu estou dizendo tudo isso? Pra que levantar todos esses pontos negativos e problemáticos a respeito de uma universidade tão bem conceituada?
A minha intenção é destacar especialmente dois pontos. Primeiro, que a UEL é feita pelos seus alunos e por uma parte dos professores. O mérito não é da UEL, mas sim dos alunos que lá estudam ou estudaram, e de alguns professores que confundem suas vidas com a da própria universidade. A UEL simplesmente não faz a parte dela. Em muitos centros, a UEL não fornece o mínimo necessário pra que os alunos estudem com o mínimo de conforto e tranquilidade. Vários cursos da área de ciências humanas são "compostos" simplesmente pelo professor, pela sala precária e suja e pelos alunos. Nada além disso. O eventual sucesso ou o bom conceito desses cursos (como Direito, Economia, Administração, Filosofia, História ou Ciências Sociais, por exemplo) é resultado exclusivo do esforço intelectual e pessoal dos alunos e professores (mais dos alunos do que dos professores - as estatísticas mostram que a produção científica dos professores da UEL, de modo geral, é baixa comparada a países ditos desenvolvidos).
Em segundo lugar, porque a UEL é uma grande cidade. Tem até prefeito do campus. Possui orçamento maior do que o de muitos municípios de porte médio espalhados pelo estado. Possui uma "população" maior (considerando alunos, professores, funcionários, colaboradores etc) do que metade dos municípios do estado. Mas o que é pior: a UEL existe, antes de tudo, pra sustentar essa estrutura política e administrativa. Esse é o foco principal. O funcionário da UEL é mais importante do que o aluno, principalmente o funcionário das carreiras administrativas. Parece que o corporativismo é mais presente do que em qualquer outro orgão público.
Claro que existe sim ensino e pesquisa. Mas o ensino e a pesquisa não são o objetivo principal da universidade. Infelizmente.
Nem tudo é festa. Ainda assim, parabéns UEL! Mas, em primeiro lugar, parabéns àqueles que realmente fazem a UEL!!!
É um momento de celebração e de reflexão, pois se trata de uma das mais importantes universidades do país, recentemente classificada como a 61a melhor universidade da América Latina.
Mas, afinal, o que é a UEL? Pra que serve a UEL? Quem faz a UEL?
Nos últimos 20 anos, eu sempre mantive uma certa proximidade com a universidade. Além de mim, meus pais e minha irmã se graduaram lá, sem contar os tios e primos. Por isso, para a minha familia, a UEL envolve até questões sentimentais. Meus pais eram estudantes da UEL no momento de sua criação (ou transformação em universidade) há 40 anos. E eu pude acompanhar alguns fatos e acontecimentos desses últimos 20 anos - portanto, metade dessa existência.
Teoricamente, a UEL deveria focar primordialmente o ensino e a pesquisa. Ensino universitário deveria significar a formação eficiente de profissionais nas mais variadas áreas. Nesse processo, a UEL deveria dar ao aluno as condições necessárias ao seu aprendizado e formação com um mínimo de conforto e tranquilidade.
Quando eu fiz o curso de Direito, no início da década de 90, eu tinha aulas nos centros denominados CESA e CCH. Hoje, no curso de Filosofia, tenho aulas no CCH. Então eu vou usar o CCH como exemplo pra refletir um pouco sobre a UEL.
Infelizmente, posso afirmar que muito pouca coisa mudou na estrutura do CCH nesses 20 anos. Nesse período, alguns prédios novos foram acoplados ao CESA e ao CCH. Mas os prédios antigos continuam praticamente os mesmos, salvo pequenas reformas que tantaram disfarçar um pouco a precariedade dos edifícios. O CCH é composto de três prédios grandes e principais.
Por exemplo, no prédio antigo e mais alto do CCH, não há acesso para deficientes físicos aos andares superiores. E há apenas um banheiro masculino e um feminino para o prédio todo. Banheiros que, por sinal, são antigos, sujos, fedidos e mal conservados. Sempre. Eram assim há 20 anos, e continuam assim nos dias de hoje. Papel higiênico ou toalhas de papel para enxugar as mãos são objetos raros naqueles locais, pelo menos no período noturno. Sei lá, talvez pensem que os alunos da noite não lavam as mãos ou não limpam a... deixa pra lá.
No prédio mais novo do CCH, onde funciona a parte administrativa, também há apenas um banheiro masculino e um banheiro feminino. E o prédio também é relativamente grande. Mas aí vem a melhor notícia: esses banheiros ficam fechados! E só os funcionários e professores é que podem usá-los (mas, pera lá, pra quem é a UEL mesmo???).
Algo inusitado, pra não dizer triste, aconteceu em 2010 no CCH: enquanto o prédio que fica próximo do CESA foi reformado e os banheiros desse prédio ficaram fechados pra reforma por meses - durante o período letivo, diga-se de passagem (ao invés de fazer a reforma nas férias), todos os alunos que estudam nesse centro tinham apenas um único banheiro pra utilizar (lembrando que os banheiros do prédio mais novo só podem ser usados por funcionários e professores). Aquele mesmo banheiro velho, sujo, mal conservado, que raramente tem "papel".
No início de 2011 e também no início do segundo semestre, na volta às aulas após as férias, nós tivemos uma grande surpresa ao encontrar as salas de aula do CCH sujas. Isso mesmo: completamente sujas. Levamos quase um mês pra limpar as carteiras usando as nossas roupas. Parece exagero? Pois bem, ainda hoje essas mesmas salas continuam sujas, como se não fossem limpas há anos. Além da sujeira, muitas carteiras estão quebradas ou remendadas. É provável que falte algum "pedaço" em pelo menos metade das carteiras encontradas no CCH. Sem contar que as carteiras são extremamente desconfortáveis. Mas aí já seria pedir demais, né? (detalhe: os funcionários da UEL possuem carteiras confortáveis - mas os funcionários são os funcionários)
Há poucos recursos extras pra ser utilizados em sala de aula (recursos audiovisuais, por exemplo). A utilização desses recursos é pouco funcional. E, além disso, existe uma certa burocracia pro uso desses recursos. Quer dizer, na prática, quase nunca são utilizados.
Mas porque eu estou dizendo tudo isso? Pra que levantar todos esses pontos negativos e problemáticos a respeito de uma universidade tão bem conceituada?
A minha intenção é destacar especialmente dois pontos. Primeiro, que a UEL é feita pelos seus alunos e por uma parte dos professores. O mérito não é da UEL, mas sim dos alunos que lá estudam ou estudaram, e de alguns professores que confundem suas vidas com a da própria universidade. A UEL simplesmente não faz a parte dela. Em muitos centros, a UEL não fornece o mínimo necessário pra que os alunos estudem com o mínimo de conforto e tranquilidade. Vários cursos da área de ciências humanas são "compostos" simplesmente pelo professor, pela sala precária e suja e pelos alunos. Nada além disso. O eventual sucesso ou o bom conceito desses cursos (como Direito, Economia, Administração, Filosofia, História ou Ciências Sociais, por exemplo) é resultado exclusivo do esforço intelectual e pessoal dos alunos e professores (mais dos alunos do que dos professores - as estatísticas mostram que a produção científica dos professores da UEL, de modo geral, é baixa comparada a países ditos desenvolvidos).
Em segundo lugar, porque a UEL é uma grande cidade. Tem até prefeito do campus. Possui orçamento maior do que o de muitos municípios de porte médio espalhados pelo estado. Possui uma "população" maior (considerando alunos, professores, funcionários, colaboradores etc) do que metade dos municípios do estado. Mas o que é pior: a UEL existe, antes de tudo, pra sustentar essa estrutura política e administrativa. Esse é o foco principal. O funcionário da UEL é mais importante do que o aluno, principalmente o funcionário das carreiras administrativas. Parece que o corporativismo é mais presente do que em qualquer outro orgão público.
Claro que existe sim ensino e pesquisa. Mas o ensino e a pesquisa não são o objetivo principal da universidade. Infelizmente.
Nem tudo é festa. Ainda assim, parabéns UEL! Mas, em primeiro lugar, parabéns àqueles que realmente fazem a UEL!!!
sábado, 1 de outubro de 2011
Brinquedos modernos.
Meus filhos acabaram de ganhar videogames novos dos avós. Tenho que confessar: estou abobado com o que essa maquininha faz!
Eu nunca tive muita familiaridade com jogos eletrônicos. Geralmente, sou o último a saber das novidades do mundo eletrônico e da informática.
Quando eu era pequeno, enquanto os meus amigos se divertiam com o ágil Atari, eu tinha que me contentar com um Odissey de "segunda mão", que os meus pais me presentearam. Eu admito que esse talvez seja um trauma de infância ainda não superado. Puxa, como aquele Odissey era limitado! E como eu sonhei com um Atari! Santa pobreza.
Talvez eu tenha parado um pouco no tempo. E, agora ao tentar ajudá-los com as configurações dos games, eu tive um choque de modernidade. O tal do videogame em 3D faz cada coisa que eu simplesmente não consigo entender ou imaginar como pode ser possível. O joguinho cria imagens no espaço, interage com a parede, com o teto, com a mesa. Que loucura - pelo menos pra mim, que estava perdido no tempo!
Mais bobo ainda eu fico com a facilidade com que o meu filho de seis anos configura o brinquedinho, praticamente sozinho.
De outro lado, quando eu tinha os meus sete anos de idade e o único contato que eu tinha com a tecnologia era ao acionar o interruptor pra acender alguma luz da casa, eu me lembro do meu pai chegando em casa com uma televisão nova. Era a maior novidade eletrônica da humanidade: além de ser colorida, tinha controle remoto! As duas coisas ao mesmo tempo. Sim, essa foi a maior revolução eletrônica ocorrida com a minha familia nas últimas quatro décadas. Não que isso tenha acontecido logo que as TVs a cores foram lançadas. Não, não, foi muito tempo depois. Nós é que ainda tivemos que ficar um bom tempo assistindo TV em preto e branco, no final da década de 70, mesmo quando as TVs a cores já não eram tão novidade assim.
Isso tudo me fez lembrar de outra frustração que eu carrego desde a minha infância. Eu nunca tive um autorama! Lembra daqueles autoramas da Estrela? Pois é, nunca tive um daqueles. O mais próximo que cheguei foi com uma pista com carrinhos chamada TCR, também de "segunda mão", que eu ganhei dos meus pais. Mas os carrinhos do TCR não atingiam nem um terço da velocidade dos autoramas e viviam saindo da pista. Por isso, a minha frustração.
Mas eu já decidi que eu vou comprar um autorama tão logo o meu filho tenha maturidade pra me deixar brincar o tanto que eu quiser. Ou assim que ele puder entender que o autorama vai ser meu e não dele.
Eu nunca tive muita familiaridade com jogos eletrônicos. Geralmente, sou o último a saber das novidades do mundo eletrônico e da informática.
Quando eu era pequeno, enquanto os meus amigos se divertiam com o ágil Atari, eu tinha que me contentar com um Odissey de "segunda mão", que os meus pais me presentearam. Eu admito que esse talvez seja um trauma de infância ainda não superado. Puxa, como aquele Odissey era limitado! E como eu sonhei com um Atari! Santa pobreza.
Talvez eu tenha parado um pouco no tempo. E, agora ao tentar ajudá-los com as configurações dos games, eu tive um choque de modernidade. O tal do videogame em 3D faz cada coisa que eu simplesmente não consigo entender ou imaginar como pode ser possível. O joguinho cria imagens no espaço, interage com a parede, com o teto, com a mesa. Que loucura - pelo menos pra mim, que estava perdido no tempo!
Mais bobo ainda eu fico com a facilidade com que o meu filho de seis anos configura o brinquedinho, praticamente sozinho.
De outro lado, quando eu tinha os meus sete anos de idade e o único contato que eu tinha com a tecnologia era ao acionar o interruptor pra acender alguma luz da casa, eu me lembro do meu pai chegando em casa com uma televisão nova. Era a maior novidade eletrônica da humanidade: além de ser colorida, tinha controle remoto! As duas coisas ao mesmo tempo. Sim, essa foi a maior revolução eletrônica ocorrida com a minha familia nas últimas quatro décadas. Não que isso tenha acontecido logo que as TVs a cores foram lançadas. Não, não, foi muito tempo depois. Nós é que ainda tivemos que ficar um bom tempo assistindo TV em preto e branco, no final da década de 70, mesmo quando as TVs a cores já não eram tão novidade assim.
Isso tudo me fez lembrar de outra frustração que eu carrego desde a minha infância. Eu nunca tive um autorama! Lembra daqueles autoramas da Estrela? Pois é, nunca tive um daqueles. O mais próximo que cheguei foi com uma pista com carrinhos chamada TCR, também de "segunda mão", que eu ganhei dos meus pais. Mas os carrinhos do TCR não atingiam nem um terço da velocidade dos autoramas e viviam saindo da pista. Por isso, a minha frustração.
Mas eu já decidi que eu vou comprar um autorama tão logo o meu filho tenha maturidade pra me deixar brincar o tanto que eu quiser. Ou assim que ele puder entender que o autorama vai ser meu e não dele.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Fica longe?
Eu tinha um amigo que morava com a familia no sul do Paraná. Certa vez, ele se preparava pra pegar a estrada e visitar os pais no interior do estado de São Paulo. Na noite anterior à viagem, eu passei pela casa dele pra me despedir e perguntei à filha dele, que tinha uns 3 ou 4 anos, se a casa dos avós ficava longe.
Ela respondeu na bucha: "Não, é bem pertinho. Eu entro no carro e durmo. Quando eu acordo, já chegou lá".
Ela respondeu na bucha: "Não, é bem pertinho. Eu entro no carro e durmo. Quando eu acordo, já chegou lá".
sábado, 7 de maio de 2011
O STF e a união civil de homossexuais.
A sociedade está em constante transformação. O homem ora evolui, ora regride, mas nunca se acomoda. É a lógica da vida. E é natural que nessa caminhada evolutiva surjam dúvidas ou conflitos que precisem ser pacificados de alguma forma, a fim de que os indivíduos de uma determinada sociedade possam viver em harmonia. Regras e limites precisam ser estabelecidos. É nesse contexto que o papel do Direito se evidencia.
Conforme a sociedade se transforma, o Estado acompanha essas transformações e interfere, sempre que necessário, para dar segurança jurídica e manter a boa convivência entre os seus cidadãos. Essa função é desempenhada pelos poderes legislativos do estado, cada um segundo às suas competências estabelecidas pela Constituição Federal. Um Estado (país) eficiente está sempre atento às transformações e necessidades sociais e vem sempre logo atrás das mudanças estabelecendo regras (leis) que consigam manter a paz social.
Eventualmente (no Brasil, não tão eventualmente assim), o Estado demora para agir e se manifestar em relação a alguma mudança substancial pela qual a sociedade esteja passando. Mas a sociedade não pode ficar desamparada ou insegura. Nesses casos, e em assuntos específicos, surge o poder judiciário para esclarecer algumas questões e estabelecer algumas regras. Tudo com vistas a manter harmonia entre os indivíduos e a paz social.
Antes de prosseguir com o raciocínio, eu quero deixar claro que o Estado, no exercício tanto do poder legislativo como no exercício do poder judiciário, não deve exercer o papel de educador. Muito menos exercer o papel de juiz moral ou religioso da sociedade, inclusive e principalmente porque o Brasil é um país constitucionalmente laico. Portanto, o papel do legislador e, eventualmente, o papel do julgador devem ser o de captar e assimilar as mudanças substanciais pelas quais a sociedade passa através da análise constante de situações reais, atuais e concretas - literalmente, pela análise dos fatos - e, se necessário, se manifestar e pacificar eventuais conflitos. Nada mais do que isso.
O Estado não tem que direcionar a evolução da sociedade ou agir de forma preventiva. O Estado age depois e soluciona conflitos, apenas quando e se for necessário agir. Da forma mais simplista possível: o Estado não tem que dizer como o indivíduo deve se comportar (claro, desde que este não esteja praticando crimes).
O homossexualismo existe e sempre existiu. Pessoas homossexuais são reais e vivem em sociedade. Essas pessoas estudam, trabalham, pagam impostos, se relacionam, se divertem, usam (e tem todo o direito de usar) os serviços públicos disponíveis pelo Estado como todo mundo. Não são melhores, nem piores do que ninguém. São seres humanos, são indivíduos, e, principalmente, são cidadãos. Cidadãos que possuem direitos e deveres. Cidadãos que possuem necessidades, precisam de segurança, e que tem o mesmo direito de viver em paz e harmonia. Isso tudo é fato, é realidade, gostem ou não.
Diante dos fatos, da necessidade de pacificação de conflitos, da necessidade do estabelecimento de regras que visem garantir uma vida harmoniosa e pacífica, o Supremo Tribunal Federal decidiu que é possível a união civil de pessoas do mesmo sexo. Ou seja, o STF enxergou uma situação fática, concreta e real e se posicionou de forma ampla e genérica em relação àquela situação. Assim, aquelas pessoas que viviam uma situação fática, concreta e real - mas eram legalmente ignoradas, agora foram amparadas pelo Direito.
A situação pessoal, moral, cultural ou religiosa dos homossexuais é correta? Não sei e isso não me interessa! A igreja fica incomodada com essa situação? Isso é um problema interno da igreja (não importa qual igreja seja). Existem grupos ou segmentos da sociedade que discordam dessa decisão? Isso é problema deles. A sociedade brasileira não se restringe a esse ou aquele grupo. O Brasil não está submisso às ordens ou ensinamentos da igreja.
É função do Direito socorrer e amparar a sociedade como um todo, sempre que necessidades fáticas e reais o exigirem. O Direito deve ser prático, objetivo, rápido, direto, igualitário, eficaz, efetivo e eficiente.
Ponto para o Direito brasileiro.
Conforme a sociedade se transforma, o Estado acompanha essas transformações e interfere, sempre que necessário, para dar segurança jurídica e manter a boa convivência entre os seus cidadãos. Essa função é desempenhada pelos poderes legislativos do estado, cada um segundo às suas competências estabelecidas pela Constituição Federal. Um Estado (país) eficiente está sempre atento às transformações e necessidades sociais e vem sempre logo atrás das mudanças estabelecendo regras (leis) que consigam manter a paz social.
Eventualmente (no Brasil, não tão eventualmente assim), o Estado demora para agir e se manifestar em relação a alguma mudança substancial pela qual a sociedade esteja passando. Mas a sociedade não pode ficar desamparada ou insegura. Nesses casos, e em assuntos específicos, surge o poder judiciário para esclarecer algumas questões e estabelecer algumas regras. Tudo com vistas a manter harmonia entre os indivíduos e a paz social.
Antes de prosseguir com o raciocínio, eu quero deixar claro que o Estado, no exercício tanto do poder legislativo como no exercício do poder judiciário, não deve exercer o papel de educador. Muito menos exercer o papel de juiz moral ou religioso da sociedade, inclusive e principalmente porque o Brasil é um país constitucionalmente laico. Portanto, o papel do legislador e, eventualmente, o papel do julgador devem ser o de captar e assimilar as mudanças substanciais pelas quais a sociedade passa através da análise constante de situações reais, atuais e concretas - literalmente, pela análise dos fatos - e, se necessário, se manifestar e pacificar eventuais conflitos. Nada mais do que isso.
O Estado não tem que direcionar a evolução da sociedade ou agir de forma preventiva. O Estado age depois e soluciona conflitos, apenas quando e se for necessário agir. Da forma mais simplista possível: o Estado não tem que dizer como o indivíduo deve se comportar (claro, desde que este não esteja praticando crimes).
O homossexualismo existe e sempre existiu. Pessoas homossexuais são reais e vivem em sociedade. Essas pessoas estudam, trabalham, pagam impostos, se relacionam, se divertem, usam (e tem todo o direito de usar) os serviços públicos disponíveis pelo Estado como todo mundo. Não são melhores, nem piores do que ninguém. São seres humanos, são indivíduos, e, principalmente, são cidadãos. Cidadãos que possuem direitos e deveres. Cidadãos que possuem necessidades, precisam de segurança, e que tem o mesmo direito de viver em paz e harmonia. Isso tudo é fato, é realidade, gostem ou não.
Diante dos fatos, da necessidade de pacificação de conflitos, da necessidade do estabelecimento de regras que visem garantir uma vida harmoniosa e pacífica, o Supremo Tribunal Federal decidiu que é possível a união civil de pessoas do mesmo sexo. Ou seja, o STF enxergou uma situação fática, concreta e real e se posicionou de forma ampla e genérica em relação àquela situação. Assim, aquelas pessoas que viviam uma situação fática, concreta e real - mas eram legalmente ignoradas, agora foram amparadas pelo Direito.
A situação pessoal, moral, cultural ou religiosa dos homossexuais é correta? Não sei e isso não me interessa! A igreja fica incomodada com essa situação? Isso é um problema interno da igreja (não importa qual igreja seja). Existem grupos ou segmentos da sociedade que discordam dessa decisão? Isso é problema deles. A sociedade brasileira não se restringe a esse ou aquele grupo. O Brasil não está submisso às ordens ou ensinamentos da igreja.
É função do Direito socorrer e amparar a sociedade como um todo, sempre que necessidades fáticas e reais o exigirem. O Direito deve ser prático, objetivo, rápido, direto, igualitário, eficaz, efetivo e eficiente.
Ponto para o Direito brasileiro.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Quase que eu me estrepo.
Eu dirigia o meu carro tranquilamente pelo interior do Paraná, a caminho de Londrina. De repente, uns 200 metros a minha frente, um homem de bicicleta que seguia pelo acostamento balançou e despencou numa ribanceira.
Levei o maior susto. Acelerei o carro e me aproximei do local pra ver o que tinha acontecido. Parei, sinalizei a estrada, e fui dar uma espiada. Só consegui enxergar a bicicleta e o homem caído ao lado dela. Fiquei com medo de descer lá sozinho. Nesse meio tempo, eu liguei para a Polícia Rodoviária, que atendeu prontamente o meu chamado e informou que uma viatura já estava a caminho.
Quando os policiais chegaram, imediatamente perguntaram o que tinha acontecido e eu dei a minha versão. Pra minha surpresa, o policial olhou pra mim e disse: "não saia daqui, o senhor é suspeito de atropelamento". E em seguida ele disse: "o seu veículo está apreendido".
Pensei comigo: "a casa caiu".
Enquanto um dos policiais descia o barranco para socorrer o homem, o segundo policial começou a circular o meu carro e a passar a mão na lataria tentando achar algum amassado. Ele não precisou ir muito longe. Numa das portas - e bem do lado da estrada onde o homem tinha caído - tinha um amassado que eu já carregava há uns dois anos. Quando o policial viu aquele amassado, ele veio pra cima de mim ainda mais furioso. Tentei me explicar, mais foi em vão. Eu fui me desesperando com a situação. Era o cúmulo do azar, mas a casa realmente estava caindo. Mas eu era inocente, eu juro!!!
Em seguida, desci o barranco com os policiais pra tentar socorrer o homem caído. Quando chegamos lá embaixo e começamos a mexer no homem, ele acordou falando meio enrolado. Estava visivelmente bêbado. Eu comecei a gritar pro homem: "conte pros policiais o que te aconteceu, conte!!!"
Apesar do estado em que se encontrava, ele conseguiu dizer aos policiais que tinha exagerado na bebida, que mal se equilibrava na bicicleta e que tinha despencado sozinho naquela ribanceira. Ele conseguiu deixar bem claro que eu não tive qualquer participação no incidente.
Minha reação inicial foi querer bater no bêbado, mas os policiais me seguraram. Depois, mais calmo e aliviado, ajudei os policiais a tirarem o homem e a bicicleta daquele buraco.
Quando eu já me despedia dos policiais em direção ao meu carro, o bêbado gritou: "ô moço, dá uma carona pra mim e pra bicicleta até a minha casa?" Não hesitei: mandei o bêbado pra #@*&%$, enquanto os policiais rachavam o bico de dar risada.
Levei o maior susto. Acelerei o carro e me aproximei do local pra ver o que tinha acontecido. Parei, sinalizei a estrada, e fui dar uma espiada. Só consegui enxergar a bicicleta e o homem caído ao lado dela. Fiquei com medo de descer lá sozinho. Nesse meio tempo, eu liguei para a Polícia Rodoviária, que atendeu prontamente o meu chamado e informou que uma viatura já estava a caminho.
Quando os policiais chegaram, imediatamente perguntaram o que tinha acontecido e eu dei a minha versão. Pra minha surpresa, o policial olhou pra mim e disse: "não saia daqui, o senhor é suspeito de atropelamento". E em seguida ele disse: "o seu veículo está apreendido".
Pensei comigo: "a casa caiu".
Enquanto um dos policiais descia o barranco para socorrer o homem, o segundo policial começou a circular o meu carro e a passar a mão na lataria tentando achar algum amassado. Ele não precisou ir muito longe. Numa das portas - e bem do lado da estrada onde o homem tinha caído - tinha um amassado que eu já carregava há uns dois anos. Quando o policial viu aquele amassado, ele veio pra cima de mim ainda mais furioso. Tentei me explicar, mais foi em vão. Eu fui me desesperando com a situação. Era o cúmulo do azar, mas a casa realmente estava caindo. Mas eu era inocente, eu juro!!!
Em seguida, desci o barranco com os policiais pra tentar socorrer o homem caído. Quando chegamos lá embaixo e começamos a mexer no homem, ele acordou falando meio enrolado. Estava visivelmente bêbado. Eu comecei a gritar pro homem: "conte pros policiais o que te aconteceu, conte!!!"
Apesar do estado em que se encontrava, ele conseguiu dizer aos policiais que tinha exagerado na bebida, que mal se equilibrava na bicicleta e que tinha despencado sozinho naquela ribanceira. Ele conseguiu deixar bem claro que eu não tive qualquer participação no incidente.
Minha reação inicial foi querer bater no bêbado, mas os policiais me seguraram. Depois, mais calmo e aliviado, ajudei os policiais a tirarem o homem e a bicicleta daquele buraco.
Quando eu já me despedia dos policiais em direção ao meu carro, o bêbado gritou: "ô moço, dá uma carona pra mim e pra bicicleta até a minha casa?" Não hesitei: mandei o bêbado pra #@*&%$, enquanto os policiais rachavam o bico de dar risada.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
O primeiro dia de aula no novo colégio.
Era o começo de 1988 e eu estava prestes a ingressar no ensino médio. Até então, eu sempre tinha estudado em escolas públicas, numa cidade pequena. Mas agora a mudança seria grande. Eu iria pra um colégio particular, numa cidade maior, em busca de melhor preparo visando o vestibular dalí a três anos. O objetivo era ser aprovado numa universidade pública já na primeira tentativa.
Esse novo colégio estava na moda, era badalado, cheio de gente com grana, tudo muito diferente da minha realidade. Eu me sentia inseguro até mesmo com o tipo de roupa que eu deveria vestir pra estudar lá, já que até isso seria novidade pois eu estava acostumado com o uniforme azul e branco da escola pública estadual.
Na minha cidade, havia um ônibus estudantil que pegava os alunos às 6h20 da manhã na praça central da cidade e os deixava na porta do colégio. Eu sabia que teria que acordar cedo, por volta de 5h45, pra não correr o risco de perder aquele ônibus. Caso eu perdesse esse ônibus, seria o maior transtorno pra pegar um ônibus de linha que me levasse até a estação central dessa outra cidade e, de lá, pegar outro ônibus até o colégio.
Finalmente o primeiro dia de aula no novo colégio chegou. Acordei cedo, assustado pois ainda estava escuro, me arrumei rapidamente, peguei o meu material e saí correndo pra pegar o tal ônibus estudantil sem sequer tomar o café da manhã. Percorri umas três quadras até o ponto do ônibus e... perdi o ônibus!!! Logo no primeiro dia!!! Acho que calculei mal o meu tempo.
Me bateu um desespero. Quando olhei pra trás, percebi que uma amiga-vizinha vinha correndo em direção ao ponto, com cara de assustada, pois também tinha percebido que o ônibus já tinha passado. Mas aí ela me deu uma boa notícia. Ela disse que o pai trabalhava no centro dessa outra cidade e que, se a gente corresse até a casa dela, a gente ainda conseguiria pegar uma carona com ele. Ele nos levaria até o novo colégio sem que a gente se atrasasse.
Acontece que o pai da minha amiga tinha um Ford Corcel 1 alaranjado - o mais alaranjado possível, diga-se de passagem, bem antigo, imagino que mais ou menos ano 74. Embora hoje eu goste de carros antigos, naquela época, aos 14 anos de idade, eu achava ridículo qualquer Ford Corcel 1, ainda mais se fosse alaranjado. Chegar no novo colégio no primeiro dia de aula num carro assim seria a morte pra mim.
Pois é, morri. De vergonha. O pai da minha amiga, todo atencioso, fez questão de parar o carro bem na porta do colégio. E era o momento do rush. Imagine só como eu e minha amiga nos sentimos descendo do Corcel 1 alaranjado no meio de todos aqueles carrões. E isso bem no primeiro dia de aula, assustado e sem conhecer ninguém. Desci do carro roxo de vergonha e entrei rapidamente no colégio, tentando não chamar muita atenção.
Se bem que, a essa altura, o que poderia chamar mais atenção do que o Corcel 1 alaranjado???
Esse novo colégio estava na moda, era badalado, cheio de gente com grana, tudo muito diferente da minha realidade. Eu me sentia inseguro até mesmo com o tipo de roupa que eu deveria vestir pra estudar lá, já que até isso seria novidade pois eu estava acostumado com o uniforme azul e branco da escola pública estadual.
Na minha cidade, havia um ônibus estudantil que pegava os alunos às 6h20 da manhã na praça central da cidade e os deixava na porta do colégio. Eu sabia que teria que acordar cedo, por volta de 5h45, pra não correr o risco de perder aquele ônibus. Caso eu perdesse esse ônibus, seria o maior transtorno pra pegar um ônibus de linha que me levasse até a estação central dessa outra cidade e, de lá, pegar outro ônibus até o colégio.
Finalmente o primeiro dia de aula no novo colégio chegou. Acordei cedo, assustado pois ainda estava escuro, me arrumei rapidamente, peguei o meu material e saí correndo pra pegar o tal ônibus estudantil sem sequer tomar o café da manhã. Percorri umas três quadras até o ponto do ônibus e... perdi o ônibus!!! Logo no primeiro dia!!! Acho que calculei mal o meu tempo.
Me bateu um desespero. Quando olhei pra trás, percebi que uma amiga-vizinha vinha correndo em direção ao ponto, com cara de assustada, pois também tinha percebido que o ônibus já tinha passado. Mas aí ela me deu uma boa notícia. Ela disse que o pai trabalhava no centro dessa outra cidade e que, se a gente corresse até a casa dela, a gente ainda conseguiria pegar uma carona com ele. Ele nos levaria até o novo colégio sem que a gente se atrasasse.
Acontece que o pai da minha amiga tinha um Ford Corcel 1 alaranjado - o mais alaranjado possível, diga-se de passagem, bem antigo, imagino que mais ou menos ano 74. Embora hoje eu goste de carros antigos, naquela época, aos 14 anos de idade, eu achava ridículo qualquer Ford Corcel 1, ainda mais se fosse alaranjado. Chegar no novo colégio no primeiro dia de aula num carro assim seria a morte pra mim.
Pois é, morri. De vergonha. O pai da minha amiga, todo atencioso, fez questão de parar o carro bem na porta do colégio. E era o momento do rush. Imagine só como eu e minha amiga nos sentimos descendo do Corcel 1 alaranjado no meio de todos aqueles carrões. E isso bem no primeiro dia de aula, assustado e sem conhecer ninguém. Desci do carro roxo de vergonha e entrei rapidamente no colégio, tentando não chamar muita atenção.
Se bem que, a essa altura, o que poderia chamar mais atenção do que o Corcel 1 alaranjado???
sexta-feira, 8 de abril de 2011
No meio do caminho: a curva da vida.
Depois que eu completei 35 anos - e já faz quase três anos, eu comecei a pensar bastante em como será chegar aos 40. O tempo está passando cada vez mais depressa e daqui a pouco faltarão apenas mais 2 anos.
Sinceramente, eu não tenho medo da famosa crise dos 40. Até porque eu já tive uma baita crise quando cheguei aos 30, crise que eu considero insuperável.
Quando eu cheguei aos 30, eu tentei fazer uma retrospectiva sobre tudo o que eu tinha vivido e conquistado até então. E me apavorei. Percebi que eu não tinha o emprego que eu sonhei, não morava no lugar que eu sonhei, não tinha viajado pros lugares que eu sonhei. Me senti frustrado e fiquei mal. Pouco tempo depois, tive outra grande frustração - a maior de todas - e fiquei mal novamente. Dessa vez foi a maior frustração que eu poderia ter em minha vida: o fim do meu casamento. Sentimento de frustração misturado com impotência e incompetência. Difícil de explicar. Mais difícil ainda de entender.
Mas o mais interessante de se estar chegando aos 40 é começar a imaginar se a gente já chegou na "metade do caminho". Quer dizer, nesse ano eu completo 38 anos, e se eu viver 76 anos, eu estaria nesse momento atingindo exatamente a metade do caminho. Viver 76 anos é bastante tempo. Dá pra fazer muita coisa. É legal pensar em tudo o que eu já fiz na primeira metade da vida, mas mais legal ainda é pensar em tudo que eu ainda posso fazer. Pelo menos no meu caso, é uma fase ou momento de otimismo.
Seria chato se eu sentisse que já passei da metade do caminho. Mas, felizmente, eu sinto que ainda nem cheguei nessa metade da vida. Principalmente, quando eu penso nos avanços da medicina e nas novas tecnologias. Acho até que, com um pouco de cuidado com a saúde, a minha geração vai chegar fácil nos 100 anos de idade. E com uma certa qualidade de vida.
Mas o melhor de tudo é que, quando a gente vai se aproximando dos 40, a gente já não pensa muito naqueles sonhos que não conseguiu realizar. Pelo contrário, a gente enxerga e se contenta com outras conquistas importantes e valiosas que se tornaram realidade na nossa vida. O que a gente fez de bom até aqui acaba se tornando muito mais importante do que o que a gente deixou de fazer. Hoje eu tenho o mesmo emprego que eu tinha quando completei 30 anos e estou feliz com ele. Hoje não importa onde eu more ou esteja pra que eu tenha os meus momentos especias de felicidade, ainda mais quando os meus filhos estão perto de mim.
Nessa fase, apesar de ainda fazer planos, a gente consegue manter os pés no chão e viver mais o hoje, ao invés de ficar ansioso pensando apenas no amanhã.
Sinceramente, eu não tenho medo da famosa crise dos 40. Até porque eu já tive uma baita crise quando cheguei aos 30, crise que eu considero insuperável.
Quando eu cheguei aos 30, eu tentei fazer uma retrospectiva sobre tudo o que eu tinha vivido e conquistado até então. E me apavorei. Percebi que eu não tinha o emprego que eu sonhei, não morava no lugar que eu sonhei, não tinha viajado pros lugares que eu sonhei. Me senti frustrado e fiquei mal. Pouco tempo depois, tive outra grande frustração - a maior de todas - e fiquei mal novamente. Dessa vez foi a maior frustração que eu poderia ter em minha vida: o fim do meu casamento. Sentimento de frustração misturado com impotência e incompetência. Difícil de explicar. Mais difícil ainda de entender.
Mas o mais interessante de se estar chegando aos 40 é começar a imaginar se a gente já chegou na "metade do caminho". Quer dizer, nesse ano eu completo 38 anos, e se eu viver 76 anos, eu estaria nesse momento atingindo exatamente a metade do caminho. Viver 76 anos é bastante tempo. Dá pra fazer muita coisa. É legal pensar em tudo o que eu já fiz na primeira metade da vida, mas mais legal ainda é pensar em tudo que eu ainda posso fazer. Pelo menos no meu caso, é uma fase ou momento de otimismo.
Seria chato se eu sentisse que já passei da metade do caminho. Mas, felizmente, eu sinto que ainda nem cheguei nessa metade da vida. Principalmente, quando eu penso nos avanços da medicina e nas novas tecnologias. Acho até que, com um pouco de cuidado com a saúde, a minha geração vai chegar fácil nos 100 anos de idade. E com uma certa qualidade de vida.
Mas o melhor de tudo é que, quando a gente vai se aproximando dos 40, a gente já não pensa muito naqueles sonhos que não conseguiu realizar. Pelo contrário, a gente enxerga e se contenta com outras conquistas importantes e valiosas que se tornaram realidade na nossa vida. O que a gente fez de bom até aqui acaba se tornando muito mais importante do que o que a gente deixou de fazer. Hoje eu tenho o mesmo emprego que eu tinha quando completei 30 anos e estou feliz com ele. Hoje não importa onde eu more ou esteja pra que eu tenha os meus momentos especias de felicidade, ainda mais quando os meus filhos estão perto de mim.
Nessa fase, apesar de ainda fazer planos, a gente consegue manter os pés no chão e viver mais o hoje, ao invés de ficar ansioso pensando apenas no amanhã.
quarta-feira, 30 de março de 2011
O vegetariano.
Antes de mais nada, eu quero deixar claro que eu não tenho nada contra quem se assume vegetariano. Muito pelo contrário, tenho o costume de almoçar em restaurantes vegetarianos duas ou três vezes na semana. Mas uma vez me aconteceu uma história interessante.
O sujeito era um vegetariano "recém-convertido", fanático, quase-xiíta. Ele achava que, a partir daquele momento, o resto do planeta deveria seguí-lo. O cara falava, argumentava, azucrinava.
Entre outras coisas, ele dizia que comer carne significava comer defunto; que os animais também tinham o direito à vida; que o homem não tinha sido criado pra comer carne, já que tinha que "disfarçá-la" através do cozimento etc. Essa história do "cozimento" foi o golpe de misericórdia. Na mesma hora, eu perguntei a ele:
- Então você é vegetariano, né?
- Sim.
- Nunca come carne?
- Não, de forma alguma.
- Quer dizer que o homem só consegue comer carne se estiver disfarçada com o cozimento?
- Isso mesmo.
- Não pode ser "cru"?
- Não dá.
- Então você só come vegetais?
- Exato.
- Você come mandioca, arroz, feijão?
- Sim, são vegetais. Esses sim foram criados pra alimentar o homem.
- Mas você os come "crus" ou os disfarça com o cozimento?
Ele não respondeu e não quis mais falar comigo.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Você acredita em sexto sentido ou intuição?
Eu não acredito. Não acho que isso exista na forma como as pessoas geralmente dizem sentir. Na verdade, eu acredito em algo que não tem nada de sobrenatural.
O que a gente sente às vezes e que nos impulsiona a tomar determinadas decisões ou atitudes? Que força é aquela que algumas pessoas chamam de intuição ou sexto sentido?
O nosso cérebro é extremamente complexo e a ciência ainda está longe de desvendá-lo completamente. Mas é consenso que o cérebro é capaz de coisas que a própria ciência desconhece. E isso não tem nada de sobrenatural; é apenas "cerebral" mesmo.
O cérebro é tão potente e hábil que passa cada segundo de nossas vidas captando e processando absolutamente tudo o que acontece à nossa volta, mesmo - e principalmente - quando não estamos "ligados". Cada som, luz, informação, nada passa despercebido. Não importa se estamos dormindo, acordados ou concentrados em outras atividades. Tudo é captado, processado e armazenado no cérebro. É o maior banco de dados possível. E isso acontece ininterruptamente - desde a vida do feto até a morte.
Assim, com um "banco de dados" como esse e uma incrível capacidade de processamento das informações, toda vez que o indivíduo é colocado numa situação em que precisa agir, em que precisa se manifestar, o cérebro imediatamente "providencia" as melhores soluções possíveis para aquela situação, sempre de acordo com aquelas informações que foram armazenadas durante toda a vida. É tudo tão rápido e automático que alguns chegam a acreditar que seja algo sobrenatural - algo que chamam de intuição ou sexto sentido.
Vale a pena frisar que eu não estou afirmando a inexistência de acontecimentos sobrenaturais. Apenas quero dizer que, na maioria dos casos, aquela solução ou aquela sensação de uma "voz" falando no ouvido, nada mais é do que o nosso próprio cérebro nos socorrendo.
O que a gente sente às vezes e que nos impulsiona a tomar determinadas decisões ou atitudes? Que força é aquela que algumas pessoas chamam de intuição ou sexto sentido?
O nosso cérebro é extremamente complexo e a ciência ainda está longe de desvendá-lo completamente. Mas é consenso que o cérebro é capaz de coisas que a própria ciência desconhece. E isso não tem nada de sobrenatural; é apenas "cerebral" mesmo.
O cérebro é tão potente e hábil que passa cada segundo de nossas vidas captando e processando absolutamente tudo o que acontece à nossa volta, mesmo - e principalmente - quando não estamos "ligados". Cada som, luz, informação, nada passa despercebido. Não importa se estamos dormindo, acordados ou concentrados em outras atividades. Tudo é captado, processado e armazenado no cérebro. É o maior banco de dados possível. E isso acontece ininterruptamente - desde a vida do feto até a morte.
Assim, com um "banco de dados" como esse e uma incrível capacidade de processamento das informações, toda vez que o indivíduo é colocado numa situação em que precisa agir, em que precisa se manifestar, o cérebro imediatamente "providencia" as melhores soluções possíveis para aquela situação, sempre de acordo com aquelas informações que foram armazenadas durante toda a vida. É tudo tão rápido e automático que alguns chegam a acreditar que seja algo sobrenatural - algo que chamam de intuição ou sexto sentido.
Vale a pena frisar que eu não estou afirmando a inexistência de acontecimentos sobrenaturais. Apenas quero dizer que, na maioria dos casos, aquela solução ou aquela sensação de uma "voz" falando no ouvido, nada mais é do que o nosso próprio cérebro nos socorrendo.
quinta-feira, 17 de março de 2011
O país do carnaval.
Recentemente eu escrevi sobre o país do futebol, e é provável que eu reproduza aqui alguns argumentos já utilizados naquele texto, pois são assuntos que, mesmo indiretamente, acabam se conectando.
Dizem por aí que eu vivo no "país do carnaval". Mas, como diria Luther King, "I have a dream", e o meu sonho é o de viver no país da educação, do meio ambiente, da excelência em saúde, do índice zero de mortalidade infantil, no país da moralidade ou simplesmente no país da igualdade. Mas não é essa a realidade do meu país, o "país do carnaval".
Eu vou além. Eu vivo numa cidade de 500 mil habitantes. Dias atrás, a imprensa local divulgou como "números oficiais" que as festas populares ligadas ao carnaval e que tiveram, de alguma forma, apoio do poder público reuniram menos de 500 pessoas. Ou seja, menos de 0,01% da população. Alguns chegaram a colocar a culpa no mau tempo. Mas será que a pessoa que realmente gosta de pular o carnaval deixaria de fazê-lo por causa da chuva?
Na minha opinião, Londrina definitivamente não é a cidade do carnaval. O Estado do Paraná também não deve ser o estado do carnaval, pois em todo o estado as festas foram escassas. E todos sabemos que a esmagadora maioria da população, tanto de Londrina como de todo o estado, aproveitou o feriado pra viajar ou descansar, mas não pra pular o carnaval. Talvez isso também tenha se evidenciado na maioria dos estados brasileiros, com as exceções pontuais do Rio de Janeiro (capital), Bahia (capital) e um ou outro estado do nordeste. Isso é fato. É interessante frisar que praticamente qualquer show de rock, MPB ou mesmo sertanejo costuma reunir mais de 500 pessoas em qualquer apresentação. E isso não acontece apenas no Paraná, mas - agora sim - na maioria dos estados brasileiros. E nem por isso o Brasil passou a ser tão fortemente conhecido como o "país do sertanejo", o "país do rock'n roll" ou o "país da MPB". Longe disso. Continuamos conhecidos como o "país do carnaval".
Vale a pena registrar, ainda, que o poder público investe recursos públicos no carnaval, especialmente no RJ e na BA. Sim, o direito à cultura é garantido pela constituição e é dever do Estado fazer esse tipo de investimento. Assim, como o direito à saúde, educação, moradia etc. Mas será que não deveria existir alguma forma de prioridade? Se eu morasse na Suécia ou na Finlândia e tivesse saúde e educação de excelente qualidade providos integralmente pelo Estado, eu seria o primeiro a ir pras ruas defender o investimento em cultura, principalmente se for cultura histórica e popular e que envolvesse uma "grande" parcela da população. Não uma festa celebrada como feriado nacional, mas que efetivamente envolve talvez não mais do que 0,01% da população. Sem contar que há registros oficiais que demonstram que o período do ano em que há mais acidentes nas estradas, homicídios, transmissão de DSTs e gravidezes indesejadas de adolescentes e jovens é justamente nesse período. Por que será? Uma festa popular, histórica e cultural não deveria ser mais "pacífica", "educativa" ou "conciliadora"? Mas não é. Isso também é fato.
Faltam prioridades, transparência, seriedade. Sobram populismo e hipocrisia. Enquanto isso, "viva o carnaval!!!".
Dizem por aí que eu vivo no "país do carnaval". Mas, como diria Luther King, "I have a dream", e o meu sonho é o de viver no país da educação, do meio ambiente, da excelência em saúde, do índice zero de mortalidade infantil, no país da moralidade ou simplesmente no país da igualdade. Mas não é essa a realidade do meu país, o "país do carnaval".
Eu vou além. Eu vivo numa cidade de 500 mil habitantes. Dias atrás, a imprensa local divulgou como "números oficiais" que as festas populares ligadas ao carnaval e que tiveram, de alguma forma, apoio do poder público reuniram menos de 500 pessoas. Ou seja, menos de 0,01% da população. Alguns chegaram a colocar a culpa no mau tempo. Mas será que a pessoa que realmente gosta de pular o carnaval deixaria de fazê-lo por causa da chuva?
Na minha opinião, Londrina definitivamente não é a cidade do carnaval. O Estado do Paraná também não deve ser o estado do carnaval, pois em todo o estado as festas foram escassas. E todos sabemos que a esmagadora maioria da população, tanto de Londrina como de todo o estado, aproveitou o feriado pra viajar ou descansar, mas não pra pular o carnaval. Talvez isso também tenha se evidenciado na maioria dos estados brasileiros, com as exceções pontuais do Rio de Janeiro (capital), Bahia (capital) e um ou outro estado do nordeste. Isso é fato. É interessante frisar que praticamente qualquer show de rock, MPB ou mesmo sertanejo costuma reunir mais de 500 pessoas em qualquer apresentação. E isso não acontece apenas no Paraná, mas - agora sim - na maioria dos estados brasileiros. E nem por isso o Brasil passou a ser tão fortemente conhecido como o "país do sertanejo", o "país do rock'n roll" ou o "país da MPB". Longe disso. Continuamos conhecidos como o "país do carnaval".
Vale a pena registrar, ainda, que o poder público investe recursos públicos no carnaval, especialmente no RJ e na BA. Sim, o direito à cultura é garantido pela constituição e é dever do Estado fazer esse tipo de investimento. Assim, como o direito à saúde, educação, moradia etc. Mas será que não deveria existir alguma forma de prioridade? Se eu morasse na Suécia ou na Finlândia e tivesse saúde e educação de excelente qualidade providos integralmente pelo Estado, eu seria o primeiro a ir pras ruas defender o investimento em cultura, principalmente se for cultura histórica e popular e que envolvesse uma "grande" parcela da população. Não uma festa celebrada como feriado nacional, mas que efetivamente envolve talvez não mais do que 0,01% da população. Sem contar que há registros oficiais que demonstram que o período do ano em que há mais acidentes nas estradas, homicídios, transmissão de DSTs e gravidezes indesejadas de adolescentes e jovens é justamente nesse período. Por que será? Uma festa popular, histórica e cultural não deveria ser mais "pacífica", "educativa" ou "conciliadora"? Mas não é. Isso também é fato.
Faltam prioridades, transparência, seriedade. Sobram populismo e hipocrisia. Enquanto isso, "viva o carnaval!!!".
terça-feira, 15 de março de 2011
Ah, se fosse simples...
Ah, se a vida fosse mais simples...
Se conseguíssemos controlar os nossos medos, e nos arriscar mais...
Se conseguíssemos nos preocupar menos, e relaxar mais...
Se conseguíssemos duvidar menos, e confiar mais...
Se conseguíssemos chorar menos, e sorrir mais...
Se conseguíssemos odiar menos, e amar mais...
A cada dia conseguiríamos morrer menos e viver mais.
Se conseguíssemos controlar os nossos medos, e nos arriscar mais...
Se conseguíssemos nos preocupar menos, e relaxar mais...
Se conseguíssemos duvidar menos, e confiar mais...
Se conseguíssemos chorar menos, e sorrir mais...
Se conseguíssemos odiar menos, e amar mais...
A cada dia conseguiríamos morrer menos e viver mais.
segunda-feira, 7 de março de 2011
A festa dos gringos.
Eu me lembrei de uma história interessante. Aconteceu com o "Joãozinho".
O Joãozinho foi para os Estados Unidos com alguns amigos pra trabalhar. Lá chegando, trabalhou pesado. Trabalhou em serviços de limpeza, em açougue e em mercado. Mas o último trabalho do Joãozinho foi num matadouro. Isso mesmo: aqueles locais onde se abatem bois, porcos, cabritos etc. Era um trabalho sujo e pesado, mas o pagamento era bem superior aos trabalhos anteriores. Além disso, seria apenas por um curto período pois Joãozinho já estava se preparando pra voltar pra casa.
Esse matadouro era pequeno. Nele trabalhavam dois brasileiros - o Joãozinho e um amigo, uns dez cubanos e uns dez mexicanos. Os cubanos e mexicanos eram todos trabalhadores ilegais, pessoas muito simples, semi-analfabetos. O amigo do Joãozinho tinha experiência anterior com abate e se tornou uma espécie de gerente do matadouro. Já o Joãozinho passou a ocupar uma posição privilegiada, pois era o único que falava inglês e espanhol, além do português. Por isso, atendia o telefone e recebia os clientes e fornecedores.
Passados dois meses, Joãozinho decidiu que era hora de partir. Já tinha conseguido acumular a quantia que pretendia e, assim, avisou aos proprietários do matadouro de que na sexta-feira seguinte seria o seu último dia de trabalho. Ao chegar pra trabalhar na sexta de manhã, reuniu os trabalhadores cubanos e mexicanos e avisou que na próxima segunda haveria uma grande festa no matadouro, que ninguém iria trabalhar, e que eles poderiam fazer uma lista e escolher o cardápio, a música e o que mais quisessem pra se divertir o dia inteiro. E tudo seria por conta do "proprietário" e do "gerente" - amigo do Joãozinho. Apareceu de tudo nessa lista. Pediram muita comida, churrasco com "papas", muita cerveja e até "muchas mujeres". O amigo do Joãozinho passou o dia encucado com aquela empolgação mas, por não falar espanhol, não entendia o que estava acontecendo.
A sexta-feira se foi e no sábado pela manhã o Joãozinho pegou o seu avião de volta pra casa. Na segunda-feira pela manhã, já no Brasil, o Joãozinho recebeu uma ligação estranha do amigo que tinha ficado trabalhando no matadouro. Mas até hoje o Joãozinho não conseguiu descobrir em qual língua seu amigo gritava com ele ao telefone. Provavelmente, era russo.
O Joãozinho foi para os Estados Unidos com alguns amigos pra trabalhar. Lá chegando, trabalhou pesado. Trabalhou em serviços de limpeza, em açougue e em mercado. Mas o último trabalho do Joãozinho foi num matadouro. Isso mesmo: aqueles locais onde se abatem bois, porcos, cabritos etc. Era um trabalho sujo e pesado, mas o pagamento era bem superior aos trabalhos anteriores. Além disso, seria apenas por um curto período pois Joãozinho já estava se preparando pra voltar pra casa.
Esse matadouro era pequeno. Nele trabalhavam dois brasileiros - o Joãozinho e um amigo, uns dez cubanos e uns dez mexicanos. Os cubanos e mexicanos eram todos trabalhadores ilegais, pessoas muito simples, semi-analfabetos. O amigo do Joãozinho tinha experiência anterior com abate e se tornou uma espécie de gerente do matadouro. Já o Joãozinho passou a ocupar uma posição privilegiada, pois era o único que falava inglês e espanhol, além do português. Por isso, atendia o telefone e recebia os clientes e fornecedores.
Passados dois meses, Joãozinho decidiu que era hora de partir. Já tinha conseguido acumular a quantia que pretendia e, assim, avisou aos proprietários do matadouro de que na sexta-feira seguinte seria o seu último dia de trabalho. Ao chegar pra trabalhar na sexta de manhã, reuniu os trabalhadores cubanos e mexicanos e avisou que na próxima segunda haveria uma grande festa no matadouro, que ninguém iria trabalhar, e que eles poderiam fazer uma lista e escolher o cardápio, a música e o que mais quisessem pra se divertir o dia inteiro. E tudo seria por conta do "proprietário" e do "gerente" - amigo do Joãozinho. Apareceu de tudo nessa lista. Pediram muita comida, churrasco com "papas", muita cerveja e até "muchas mujeres". O amigo do Joãozinho passou o dia encucado com aquela empolgação mas, por não falar espanhol, não entendia o que estava acontecendo.
A sexta-feira se foi e no sábado pela manhã o Joãozinho pegou o seu avião de volta pra casa. Na segunda-feira pela manhã, já no Brasil, o Joãozinho recebeu uma ligação estranha do amigo que tinha ficado trabalhando no matadouro. Mas até hoje o Joãozinho não conseguiu descobrir em qual língua seu amigo gritava com ele ao telefone. Provavelmente, era russo.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Você já se achou ridículo?
Alguma vez você já ficou na dúvida se estava fazendo papel de ridículo? Pois não tenha mais essa dúvida: você estava sendo ridículo sim. Mas não precisa se desesperar. Todos nós fazemos algo ridículo em algum momento da vida.
Mas ridículo pra quem? Aí é que está a questão fundamental. Ser, fazer ou dizer algo ridículo envolve uma certa relatividade. O que soa ridículo pra mim, pode ser algo extraordinário pra você. Por exemplo, se eu estiver na zona norte da minha cidade e disser que admiro determinado político, eu seria ovacionado. Mas, se eu estiver no centro ou na zona sul e disser a mesma coisa, eu seria ridicularizado (ou "ovacionado" - mas com ovos).
Se alguém tiver uma atitude de honestidade - por exemplo, achar algo perdido e tentar devolver ao dono, atitude aparentemente ridícula para algumas pessoas, esse alguém deve se sentir bem e feliz, ao invés de se importar com o que alguém, que não possua os mesmos valores e a mesma conduta, vai achar da sua atitude.
Ser ridicularizado não depende exatamente do que você é ou das suas atitudes, mas sim do que uma outra pessoa pensa de você ou de suas atitudes. Ou seja, depende dos valores e costumes daquela pessoa, e não propriamente dos seus valores. Então é besteira se sentir ridículo. Apenas seja você.
Por outro lado, a única ressalva é que se alguma pessoa muito próxima, ou por quem você tenha grande respeito, confiança e admiração, te chamar a atenção em relação a alguma atitude sua, aí sim vale a pena parar um pouquinho pra reavaliar os seus atos e posturas. Fora isso, apenas viva e se preocupe com os sentimentos das pessoas que você ama, aqueles que respeitam e valorizam as mesmas coisas que são importantes e quem tem valor pra você.
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