sábado, 10 de julho de 2010

O problema da mitificação.

Às vezes a gente "mitifica" algo ou alguém. É comum se mitificar o que ainda não se conhece bem. Imagine um produto novo. Por exemplo, um chocolate que acaba de ser lançado no mercado. A embalagem é bonita, colorida e chama a atenção. Na propaganda do outdoor aparece uma moça linda dando uma mordida no chocolate e fazendo cara de feliz. A imagem do chocolate na propaganda é de dar água na boca. Mas aí você compra o chocolate e o experimenta, e percebe que ele não tem nada de mais. É um chocolate normal, nem melhor, nem pior do que a maioria. É um chocolate como outro qualquer. Mas porque você tinha criado tanto expectativa em relação ao chocolate? Porque você tinha tanta certeza de que ele era tão delicioso? Você tinha mitificado o chocolate, tinha criado um mito daquele chocolate. Essa mitificação foi baseada na propaganda, na imagem etc. Mas não traduzia a realidade daquele chocolate. Mas é ainda pior quando a gente mitifica uma pessoa. A gente cria uma imagem em relação àquela pessoa. Em alguns casos, isso se torna até uma obcessão. Se imagina como a pessoa é, como se comporta, o que pensa, o que faz, o que come, os lugares que frequenta - sempre se imaginando coisas boas e positivas. Os adjetivos conferidos à pessoa sempre são positivos na mitificação. Mas aí se conhece a pessoa e se percebe que ela não era nada daquilo. Não significa que não seja uma boa pessoa, não é isso. Ela ou ele simplesmente era uma pessoa normal, de carne e osso, cheia de defeitos e qualidades. E a gente se decepciona. Eu já ouvi histórias de gente que admirava um artista famoso e um dia teve a felicidade de ficar frente a frente com ele. O final das histórias geralmente era de decepção e frustração. Os comentários eram: "na TV ele parecia tão alto e pessoalmente é um baixinho"; "ela parecia tão simpática na TV, mas pessoalmente foi tão grossa" ou "pensei que ele fosse inteligente". Imagens são criadas, pessoas são mitificadas. É interessante que uma das funções do marketing é justamente tentar mitificar algo ou alguém. No marketing comercial tenta se mitificar um produto. No marketing pessoal tenta se mitificar alguém. Muitas vezes, independentemente de qualquer marketing, nós mesmos mitificamos algo ou alguém espontaneamente. Mas geralmente aquela pessoa ou produto se resume ao mito que foi criado. Muito bem criado, diga-se de passagem. Mas, na prática ou no dia-a-dia, a pessoa é um ser humano como outro qualquer.

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